Mark Twain considerava o riso a arma humana mais poderosa. O filósofo Henri Bergson explicou o motivo dessa enorme força: ele é um instrumento de socialização, naturalizando momentos e acontecimentos que de outro modo não saberíamos explicar. Bergson dava o exemplo do riso provocado pelo tropeção de alguém numa pequena pedra: aquilo que nos leva a rir perante essa situação é a incapacidade humana para se desviar da pedra e o aspeto descomposto que o corpo toma no momento da queda, mas é o riso que nos permite aceitá-la. Como numa daquelas sequências do desastrado personagem Charlot no início da história do cinema. Por isso é sempre tão difícil esclarecer o motivo pelo qual rimos, pelo qual achamos graça a um gesto falhado ou a uma frase inesperada. O riso, na realidade, substitui a explicação.
Existe, no entanto, um abismo separando o «ter graça» e o «ser engraçado». Conhecemos bem o sensato adágio português, transmitido de geração em geração sem alterar uma vírgula, que sublinha essa diferença entre as duas atitudes, enaltecendo a primeira, que é natural, ou pelos menos materializada sem esforço, como uma qualidade rara e positiva, e denegrindo a outra, sempre artificial e forçada, como um vulgar defeito. ler mais deste artigo

