Vinte vezes 11 de setembro

A impressão dominante que produz em muitos de nós esta passagem dos vinte anos sobre o 11 de setembro de 2001 – «esta comemoração», como de forma absurda se dizia ontem numa televisão – é a de incredulidade. Desde logo por terem passado tão rapidamente duas décadas sobre um momento que parece ter ocorrido há apenas alguns meses, mas também pelo caráter intensamente plástico do acontecimento. Cujas imagens, sobretudo aquelas que se ligam ao derrube do World Trade Center e ao intenso drama humano então ali vivido, ainda hoje contêm algo irreal, como uma ilusão cinematográfica produzida com recurso a efeitos especiais. Existe, todavia, uma outra dimensão, que remete para uma realidade agora muito presente na qual permanecemos inequivocamente mergulhados: a de um mundo inseguro, onde os equilíbrios relativamente estabilizados do tempo da Guerra Fria deram lugar a um mapa pós-apocalíptico, dentro da qual os fatores de instabilidade, de incerteza e de perigo se multiplicaram, ampliaram e todos os dias desdobram.

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    Atualidade, Democracia, Olhares, Opinião

    Nostalgia e passadismo

    Todos/as temos passado e só quem tenha problemas sérios de memória ou seja mesmo completamente tonto o pode rejeitar de forma absoluta. Somos sempre, e somos bastante, também aquilo que fomos. Além disso a nostalgia – conceito sobre qual tenho trabalhado profissionalmente nos últimos tempos – não é apenas uma tristeza causada pelo distanciamento de algo que vivemos, nomeadamente na nossa juventude, nem sequer um mero estado melancólico causado pela ausência de algo que somos capazes de identificar. Na verdade, pode também ser uma forma positiva de uso do passado, servindo este uso, ou parte dele, para alimentar e dinamizar a nossa própria vida, seja ela a pessoal ou a coletiva. O conceito de «melancolia de esquerda», divulgado pelo historiador Enzo Traverso, aponta nesta última direção, sublinhando o papel politicamente positivo de determinados aspetos ou episódios vividos ou herdados.

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      Atualidade, História, Memória, Olhares

      Os populismos e o mundo «a partir do sofá»

      Os populismos, sejam os associados a diferentes ditaduras do século passado, ou aqueles que ocupam um lugar de destaque nos sistemas políticos contemporâneos, incluindo nestes os que parasitam hoje a democracia representativa procurando transformá-la em «iliberal» – um oximoro difundido pelo primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán – são mais habitualmente conotados junto da opinião pública com a extrema-direita política. A sua proposta formal de superação do fosso existente entre a elite e o povo não é, sob essa perspetiva, senão uma tentativa de aprisionamento deste último por parte de um grupo que proclama falar em seu nome justamente para lhe retirar poder e ter condições para agir de forma autoritária e completamente arbitrária.

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        Democracia, Etc., Olhares, Opinião

        Fim de semana de liberdade no verão de 71

        No começo do verão de 1971, para um rapaz de 17 anos, entusiasta da música moderna transmitida pelo programa «Em Órbita» e dos horizontes mais livres que ela deixava imaginar, mas confinado à pacatez e à repetição dos dias numa pequena vila do interior do tempo da ditadura, a hipótese de ir a um festival para jovens levantava alguns problemas, mas era um desafio irrecusável. Precisava programar a ida até uma região desconhecida, e também de ajustar uma desculpa para a saída que impedisse os pais de suspeitar das suas intenções. O que se esperava acontecer, todavia, lembrava-lhe de tal forma os épicos eventos de Woodstock, em agosto de 1969, e da ilha de Wight, no ano seguinte, que não podia ignorar o desafio.

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          Democracia, Memória, Música

          A tragédia afegã e o que é urgente

          O que se consumou por estes dias no Afeganistão, «cemitério de impérios» onde já os exércitos de Alexandre, o Grande, da Inglaterra imperial, da Rússia dos czares e depois da União Soviética foram desafiados e vencidos, foi uma enorme e humilhante derrota política dos Estados Unidos da América. A intervenção militar naquele país da Ásia Central, decidida por George W. Bush logo após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 protagonizados pela Al-Qaeda, foi à época explicada como uma iniciativa de «guerra justa», de caráter defensivo, decidida porque os seus perpetradores ali conservavam as principais bases, continuando a ameaçar os EUA e a Europa. Daí o imediato apoio do Reino Unido, seguido da intervenção da NATO. Da iniciativa resultou então a queda do feroz regime taliban, no poder desde 1996.

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            Atualidade, Democracia, Direitos Humanos, Etc., Opinião

            A cegueira sobre o Afeganistão

            É óbvio que o que está a acontecer no Afeganistão traduz uma enorme e manifesta derrota da política dos EUA para a região e mesmo para o mundo. E também, uma vez mais, da total ausência dela por parte da União Europeia. A tentativa de imposição forçada de um modo de vida jamais resultará em lado algum, ainda que por algum tempo possa parecer que isso está a acontecer. O próprio Joe Biden vem agora, de forma surpreendente, lavar as mãos e declarar que é impossível impor um modelo de sociedade a quem o não deseje. Pior ainda, da parte dos norte-americanos, é terem deixado cair os seus numerosos aliados locais, servindo-se de muitos deles e abandonando-os agora, quebrando todas as promessas, à mercê de quem não perdoará a escolha que fizeram ou a que as circunstâncias determinaram. Este é um enorme golpe no estado de graça e no prestígio internacional de que até agora Biden parecia gozar.

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              Atualidade, Democracia, Direitos Humanos, Opinião

              Apontamento quase autobiográfico

              Com algum trabalho de memória para fixar a data, creio poder dizer com segurança que desde 1966 pertenço à grande família política da esquerda. Ainda que de início essa ligação envolvesse mais uma difusa consciência de pertença, nascida num rapaz que estava a começar a quebrar os laços com a sua fé e com a autoridade incontestada, que de um empenho consistente, para o qual, aliás, não tinha idade, experiência, contactos ou leituras. O grande momento de viragem foi, disso já de há muito tenho a certeza, duplamente vivido no ano de 1968, com os acontecimentos de Paris e de Praga, determinantes para perspetivas e escolhas que me moldariam para sempre. De seguida, passando pelos anos rápidos e intensos do marcelismo e da Revolução de Abril, e depois sensivelmente até 1981, foi um trajeto heterodoxo, com uma fase inicial libertária e radical, de seguida mais organizada e razoavelmente consistente.

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                Apontamentos, Biografias, Democracia, Olhares

                Vilar de Mouros 1971 e política do movimento

                Os territórios da imaginação que permitem conceber outras regiões funcionam como paragens de autoestrada, como não-lugares que pontuam os trajetos sem lhes imporem constrangimentos. O simples deambular pode então, sobretudo dentro de sociedades nas quais as autoridades se esforçam por privilegiar a imobilidade, funcionar como momento instaurador de um processo de alforria perante a prisão representada pelo pequeno mundo. Percorrer pontos no mapa, somá-los como elementos de um património individual, possibilita, nestas condições, a produção de uma cartografia do desenraizamento. Ainda que frequentemente ficcionada, presume-se que, desdobrando-se a todo o momento, esta encontra-se em condições de libertar o sujeito das inibições visuais que o prendem ao rincão do qual originalmente provém. As modalidades que, na viragem para a década de 1970, o fenómeno estava a assumir em Portugal, foram numerosas.

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                  Apontamentos, Democracia, História, Memória, Música

                  Perspetivas do poder local em ano de eleições

                  O poder local sinaliza muito do que de melhor produziu a nossa democracia com um historial agora de já perto de meio século. É também uma das áreas da coisa pública onde mais facilmente se podem encontrar marcas de bloqueio e insuficiência. Em ano de eleições para as autarquias, faz sentido projetar uma breve visão panorâmica desta componente fundamental da nossa vida coletiva. Ultrapassadas que foram as intensas, embora fugazes, experiências de democracia direta que foram ensaiadas durante o biénio revolucionário de 1974-1975, aquela que mais perto se encontra do cidadão comum, afetando o seu dia-a-dia, as suas escolhas e as suas expectativas.

                  Comecemos pelo início. Durante a ditadura, aquilo a que chamamos hoje poder local era limitado por pesados constrangimentos. Desde logo por não ser democraticamente eleito, sempre sujeito a nomeações governamentais, atribuídas apenas a pessoas fiéis ao regime e provindas das elites. Depois, porque tinham um âmbito de intervenção restritíssimo, diretamente subordinado à orientação, à autorização e à vigilância do poder central, intermediado pelos antigos governos civis. Além disso, dependiam nas suas iniciativas de um apertado regime de influências, sendo a obra realizada, para além de muito limitada na comparação com os projetos que conhecemos hoje, em regra atribuída ao favor de um governante ou à dádiva de um benemérito, cujo nome ficava associado ao melhoramento. 

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                    Democracia, Olhares, Opinião

                    Esquecimento e desfiguração da memória da democracia

                    Num dos últimos livros que escreveu, La mémoire, l’histoire, l’oubli(2003), Paul Ricoeur falava da possibilidade de a memória permitir aceder, não a uma revisitação ou a uma réplica, mas a uma reapropriação lúcida do passado, mesmo daquele mais afastado ou ao qual se encontrasse ligada uma forte carga traumática.

                    Destacava também o poder do esquecimento, na sua capacidade para soterrar boa parte de tudo o que aconteceu, mas também na intervenção que detém na seleção, sempre parcial e fragmentária, daquilo que se considera ser merecedor de memória. Ao constatar a impossibilidade real de tudo recordar, Ricoeur vincava o caráter seletivo da memória, concluindo ser a capacidade de esquecer um dos fatores que permite reaver parte do vivido.

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                      Democracia, Ensaio, História, Leituras, Memória, Olhares

                      O «novo normal» de agosto

                      Desde que tenho a profissão que tenho, com horários maleáveis, mas extensos e jornada de trabalho sempre a rondar as 60 horas semanais, muitas vezes sem fins de semana, feriados e boa parte das férias, tento viver o mês de Agosto de forma tranquila, cortando as amarras físicas com o espaço habitual de trabalho e fazendo por viver num regime mais livre, ainda que cumprindo muitas vezes extensas jornadas de leitura e escrita. Na verdade, são parte do que sou e do que faço desde muito cedo, e por isso não as tomo como um fardo. Conheço muitas pessoas que durante bastante tempo foram agindo de uma forma análoga, fazendo do Agosto sempre um tempo de descanso e respiração. As circunstâncias ajudavam, pois também ninguém ia exigir de mim, ou de nós, que durante esse mês investíssemos em algo que nos impedia de fruir esse pulmão.

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                        Apontamentos, Etc., Olhares, Opinião

                        Otelo na história da nossa democracia

                        Muito provavelmente, de todos os protagonistas da Revolução de Abril, Otelo Saraiva de Carvalho terá sido, e assim permanece, aquele que sentimentos mais desiguais desperta. Amado e odiado, desde logo pela forma como se tornou um dos símbolos maiores do derrube da ditadura, do qual foi o principal estratega operacional e que comandou a partir de um edifício pré-fabricado instalado no quartel da Pontinha. E de seguida por ter sido um dos protagonistas do processo revolucionário na sua fase ao mais épica e dramática, nela servindo, ao mesmo tempo, como agente mobilizador e como árbitro. Mas também pela forma como viveu os anos pós-Revolução, assumindo-se durante algum tempo como um dos símbolos da resistência à institucionalização de uma democracia estritamente representativa – altura na qual aceitou ser a «consciência moral» de setores que a ela preferiam um «poder popular» que julgavam mais perfeito – e mais tarde, já perto do final da vida, aceitando com alguma amargura que o regime democrático tivesse esquecido o ideal de utopia inscrito na sua matriz fundacional.

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                          Otelo essencial

                          Como quase toda a gente saudável de espírito, ao longo da vida pública e pessoal Otelo Saraiva de Carvalho (1936-2021) foi por vezes algo contraditório. Teve um trajeto de vida complexo, sempre pautado por uma entrega muito grande às empreitadas em que se foi metendo. Daí também os erros cometidos: uma ou outra frase menos pensada pronunciada durante o PREC, a associação ingénua, na ressaca do 25 de Novembro, a um radicalismo político que interpretava como mal necessário, algum momento de desencanto mais para o final da vida. Mas foi sobretudo um dos estrategos essenciais da vitória do 25 de Abril, que comandou do posto instalado no Quartel da Pontinha, para além de homem de um romantismo profundo, o que é sempre marca de convicção e entrega, como mostrou muitas vezes. Talvez uma das imagens que melhor pode ser olhada como sinal do seu legado seja este blusão militar com os galões de major, aquele que usou na madrugada libertadora de Abril e que doou ao Centro de Documentação 25 de Abril. [Fotografia Coolectiva]

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                            A grande contradição das causas seletivas

                            O conceito de ideologia é complexo e pode ser observado sob muitas perspetivas. Algumas consideram-na uma máscara da realidade, como a de Marx, para quem representou a «consciência falsa» do mundo, ou a de Althusser, que a viu como a «relação imaginária» que cada indivíduo mantém com a sociedade que o rodeia, submetida no domínio do coletivo ao que chamou os «aparelhos ideológicos do Estado». Pode, todavia, destacar-se o seu sentido nuclear como conjunto de ideias ou de doutrinas que consubstancia uma visão estruturada e coerente do mundo e da história destinada a influenciar a realidade. Quando uma ideologia que se pretende libertadora determina uma perspetiva rígida da vida social e da história, confluindo com argumentos ou instrumentos de natureza autoritária – o que tem acontecido demasiadas vezes – acaba por dar argumentos aos que a combatem no que possa conter de justo e construtivo.

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                              Vasco (1935-2021)

                              Quase a completar 86, desapareceu hoje Vasco de Castro, Vasco, o grande cartunista e resistente, que tão vasta e singular colaboração deixou, em jornais de referência e outros que já poucos recordam, e o emigrado político a quem, sobretudo em Paris, tantos recorreram nos anos finais da ditadura. Nunca o conheci em pessoa, mas quando estive em vias de seguir o trilho da saída para resistir à guerra, só o não fazendo porque aconteceu Abril, o nome do Vasco foi um dos que diversos camaradas indicaram como alguém a procurar quando arribasse «là-haut». Ao contrário da maioria dos jovens militantes ultrapolitizados que começaram a chegar à cidade sobretudo nas vésperas de 68, ele viera mais cedo, em 1961, e, de algum forma, era, então, um homem já integrado no meio político e cultural parisiense, ajudando muitos desses imigrados a instalar-se e a superar as dificuldades de adaptação. Nada, todavia, que lhe tivesse esgotado o amor da terra onde nascera. O livro de memórias Montparnasse. Até ao esgotamento das horas, de 2008, que retomou um anterior Montparnasse, Mon village, termina com a evocação da chegada, a 30 de Abril de 1974, ao país agora libertado: «Quando a voz do piloto anunciou que se estava a entrar em Portugal, suponho bem que todos nos calámos e fomos espreitar por cima das nuvens, ingénuos como meninos, de que eram feitos os campos, a cor das árvores e adivinhar o nome dos casarios.»

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                                Conhecimento do passado e democracia

                                A produção e a perda da memória são fenómenos inerentes à vida de todos os dias, seja esta individual ou coletiva. Não se considera aqui o processo essencialmente biológico, traduzido na capacidade humana para recordar experiências anteriores inserindo-as numa narrativa, que a passagem do tempo tende a deteriorar, ou por vezes a embelezar, referindo-se antes o eterno fenómeno da evocação memorial do passado. Ao contrário da história, que é um saber analítico associado a rigorosos meios de prova, contendo uma forte componente de objetividade e segurança, a memória, encarada nesta segunda perspetiva, é em larga medida uma construção livre, subjetiva, ancorada em evocações que chegam, se transformam e logo partem, sempre pautadas por uma dose de incerteza.

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                                  O caráter caduco da tradição

                                  Encontrei hoje em artigo de jornal, uma vez mais, o uso do conceito de tradição a servir como argumento de autoridade para justificar uma dada escolha. De acordo com esta maneira de pensar, isto ou aquilo é bom, ou está certo, ou é adequado, ou deverá acontecer, porque se inscreve numa sequência que se crê repetida. Ao invés, para quem segue esta lógica, uma determinada escolha deverá ser modificada, ou mesmo rejeitada, porque se manifesta «contra a tradição». Como se sabe, o termo tradição vem do latim traditio, que tem o significado de «entrega» ou «passagem de testemunho», e integra a transmissão social, realizada dentro de um mesmo tempo ou passada de geração em geração, de determinados costumes, comportamentos, hábitos, memórias, rumores, crenças ou lendas. 

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                                    A vida incomum de Asja Lācis

                                    A banalidade é a expressão acabada da insignificância, bem como da incapacidade para contrariar a repetição e produzir o novo. É irmã do conformismo, essa tendência para a passividade e a resignação que exclui a coragem de discordar ou resistir. Quem cultiva a banalidade não desenvolve a capacidade humana para pensar de forma autónoma e com audácia, alimentando as formas de autoritarismo e de ordem injusta. Provavelmente pela primeira vez no curso da história, atualmente fama e reconhecimento tendem a tomar como modelo – destacado em capas das revistas ou concursos televisivos – não as figuras singulares, capazes de gestos de rasgo pautados pela inteligência, pelo sentido crítico e pela coragem, mas justamente personalidades banais, destacadas porque o cidadão anónimo, que os populismos têm vindo a empoderar como alicerce do sistema político, nelas se revê. Por isto passarei a ter nestas crónicas, como tema ocasional, a evocação de personalidades cuja vida e exemplo se levantaram contra a banalidade.

                                    Apesar do papel que teve na atividade artística e intelectual, sobretudo como atriz e encenadora, da Letónia onde nasceu, da Rússia da fase mais fértil e épica da revolução bolchevique e da República alemã de Weimar, Anna Ernestova, conhecida como Asja Lacis (1891-1979), não deixou o nome registado em vultuosas bibliografias e em placas toponímicas. Profissão: revolucionária, uma autobiografia publicada em 1971 na Alemanha Federal (saída na União Soviética apenas em 1984), as memórias da sua filha Dagmāra e um punhado de artigos são tudo o que é possível encontrar da longa e movimentada vida que teve de militante, artista e mulher capaz de acordar grandes paixões. 

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