Os racistas, os antirracistas e os outros

Os acontecimentos no Bairro da Jamaica, no Seixal, trouxeram de novo para primeiro plano o problema do racismo em Portugal. O mito da sua inexistência entre nós segue-se aos outros mitos do país multirracial e do colonialismo «suave», tapando uma vez mais o sol com a peneira dos «brandos costumes». Mas, como é sabido, peneira não tapa luz e por cá o racismo existe de facto. Claramente expresso e assumido pode parecer raro, confinado aos pequenos grupos de extrema-direita, a franjas dos adeptos de futebol e aos últimos ressabiados da descolonização, mas na realidade é uma constante, vindo ao de cima em muitas circunstâncias e lugares. Por vezes, apenas num olhar, outras em atitudes de condescendência, aqui e ali em palavras jocosas ou em inconfessadas formas de segregação. No caso agora ocorrido, traduzido de novo numa ação policial brutal e totalmente inadmissível.

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    Ativismo: necessidade e limites

    Ao privilegiar a prática efetiva de transformação da realidade em detrimento da atividade exclusivamente especulativa, o ativismo é absolutamente essencial para que a política não se reduza à teoria ou à intervenção sempre pesada, lenta e burocrática das instituições e dos partidos. E para que não se circunscreva apenas ao momento do voto. Sem ele, em todas e cada uma das suas variantes, a democracia permaneceria sempre incompleta. Sem ele, sem os caminhos que aponta e abre, sem a dose de perturbação necessária que impõe, pouco mudaria. Ou mudaria apenas quando algo de mais avançado estivesse já a revelar-se necessário.

    Tenho um respeito muito grande pela intervenção dos homens e das mulheres que fazem dele o eixo das suas vidas. Penso até que a maior parte não tem o reconhecimento devido, sendo muitas vezes política e socialmente marginalizada. Mas isto não me leva a que deixe de criticar o modo como muitas das escolhas que fazem se fecham tantas vezes em combates muito específicos, radicalizando-se rapidamente nas palavras de ordem e metas, e esquecendo que sem a busca de consensos razoáveis entre quem na diferença deseja também a mudança esta não ocorrerá. Sem ela serão reconhecidos dentro do seu pequeno grupo, mas não fora dele.

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      Coimbra, 1969 e depois

      A história dos últimos anos da oposição ao Estado Novo não pode ser feita sem ter em conta o movimento estudantil e, dentro deste, sem mencionar os acontecimentos que tiveram lugar em Coimbra durante a «crise académica» vivida entre Abril e Julho de 1969. A perfazer agora meio século, esta configurou um momento crítico da vida portuguesa daquela época, marcando para sempre o país, a cidade, a sua universidade e quem a viveu. Tendo sucedido numa fase de relativa abertura do regime – em plena «primavera marcelista», um tempo de esperanças rapidamente goradas –, representou, para toda uma geração de universitários, uma parte inesquecível das suas biografias pessoais e uma escola de política e de democracia. Ao mesmo tempo, ajudou a sacudir um sistema político decrépito que cinco anos depois iria ruir com estrondo.

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        Tempo dos Filipes, tempo do PREC

        Durante o Estado Novo, o passado de Portugal ensinado na primária – nas antigas terceira e quarta classes – era muitíssimo simplificado, embora contivesse uma pesada carga de ideologia. Os conteúdos eram apenas de natureza heróica, épica ou sagrada, e na forma tudo era limitado aos factos mais básicos, dispostos numa cronologia linear que seguia ano após ano a mera ordem das dinastias e dos reis. Terminava em 1910, naturalmente, e depois dava um salto até 1926 e à emergência de Salazar. A Primeira República desaparecia assim, apresentada, tal como os anos que se haviam seguido à Revolução de 1820, como a era «do gato e do rato». Uma permanente e insana balbúrdia que era preciso apagar.

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          Esquerda: a «extrema» e a «radical»

          Há poucos dias, em entrevista concedida ao jornal online Observador, Catarina Martins afirmou, quando confrontada pelos entrevistadores com o uso qualificativo da expressão «extrema-esquerda», que esta «está associada a totalitarismos, perseguição, ódio», acrescentando que nada disso se encontra no Bloco de Esquerda. Afirmou preferir, se uma categoria houver mesmo de ser utilizada, a expressão «esquerda radical», uma vez esta ter mais a ver «com a raiz da esquerda, a raiz das lutas».

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            A reinvenção caseira da extrema-direita

            Depara-se por todo o lado com um regresso vigoroso da extrema-direita como área política e do autoritarismo como modelo de governação. A partir dos anos oitenta, quando os ideais democráticos emergentes nas duas décadas do pós-guerra começaram a recuar, tornou-se percetível que a serpente fascista não morrera. Ao invés, ela estava a crescer, sobretudo em ambientes marcados pela crise económica, pela desigualdade e pelo conflito social. Nos últimos anos, este crescimento tornou-se claro. Encontramo-la em práticas de governo ou propostas de movimentos com hipóteses de o vir a ser. Nos Estados Unidos, Brasil, Filipinas, Hungria, Polónia, Rússia ou Itália, ela chegou já ao poder. Em França, na Alemanha, na Bulgária, na Finlândia ou em Espanha, configura-se como alternativa com hipóteses de a ele chegar. Em Portugal já quase não existia, mas está a ser artificialmente reinventada.

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              Deus e Marx

              Durante anos, de cada vez que na universidade iniciava a minha aula anual sobre o pensamento político e social de Karl Marx usava uma piada que me parecia ter algum sucesso: afirmava ir falar «daquele senhor de barbas muito parecido com Deus». Tinha na cabeça, é claro, a conhecida imagem da criação da Luz que Gustav Doré desenhou para a versão da Bíblia editada em 1843 que encheu de sagrado e de temor parte da minha infância. Só muito mais tarde lhe associei os acordes magníficos de Haydn que na oratória A Criação acompanham a exclamação «Und es war LICHT!», «E fez-se LUZ!». Suspeito, no entanto, que nem no sentido inverso posso agora repetir a brincadeira, pois quase ninguém possui uma imagem fixa de Deus e a Marx – mesmo com o auxílio da famosa fotografia de estúdio tirada em Londres no ano de 1875 por John Mayal – poucos identificariam se com ele chocassem numa viela escura. O jogo inicial tornou-se puro nonsense, mas melhores dias virão.

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                A distância entre as palavras e as ações

                Terminei neste Natal a leitura de um livro comprado há dez anos. A demora não ficou a dever-se a outras prioridades – leio sempre três ou quatro livros em simultâneo e não teria sido difícil juntá-lo a uma das séries –, mas ao facto de o seu conteúdo me ter perturbado tanto quanto me interessou, o que fez protelar algumas vezes a passagem ao capítulo seguinte. Refiro-me a Intelectuais, do historiador britânico Paul Johnson, obra escrita com um propósito desassossegador: observar um conjunto de poetas, escritores e pensadores cuja obra pública integrou uma vontade declarada de sugerir caminhos melhores e mais justos para o trajeto da humanidade, ao mesmo tempo que a sua vida ia contrariando, por vezes de forma extrema, as belas ideias e os grandes propósitos que preconizavam. ler mais deste artigo

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                  A China e a síndrome de Estocolmo

                  O modo como decorreu a visita do presidente chinês Xi Jinping merce um comentário. Não por ter corrido segundo os princípios da diplomacia e da hospitalidade, ainda mais natural quando a China é uma potência mundial de primeira grandeza com forte e antiga relação com Portugal. Esta é hoje ampliada com a atividade de empresas e investidores chineses e com a presença de um número considerável, cerca de 42 milhares e a crescer, de imigrantes originários da China Continental, Hong-Kong, Macau e Taiwan. É também significativo o número de estudantes universitários chineses em Portugal, existindo neste campo importantes acordos e programas de mobilidade entre os dois Estados. Manter uma ligação regular e cordial com Pequim é, pois, do interesse do país. Todavia, algo aconteceu por estes dias que não deveria ter acontecido. ler mais deste artigo

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                    Revoltosos e revoltados

                    São muitas as razões e inúmeros os estados de espírito que conduzem à revolta coletiva (da individual há muitos anos falou Camus com justo sentido). Dificilmente são racionalizáveis, pois contestam a quente uma ordem considerada injusta ou arbitrária e fazem-no de forma quase intuitiva. É claro que, nessas condições, muitas valem mais pelo que contestam do que por aquilo que propõem. E é verdade também que muitas integram interesses, sensibilidades ou até propostas bastante diferentes. Dos acontecimentos que por estes dias vive Paris contesto, sem qualquer dúvida, o aproveitamento pela extrema-direita, mas sei que muitos dos revoltosos, sobretudo os mais jovens e menos organizados, o fazem porque se sentem revoltados. Aqui reside a legitimidade da sua voz. Muito acima da dos que a manipulam ou da dos que liminarmente a contestam.
                    Fotografia: Thibault Camus/AP

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                      Dos ativismos cegos

                      Os ativismos, de rua ou não, são indispensáveis para a transformação efetiva da realidade concreta e para o avanço das causas. Sem eles pouco muda, porque tudo é diferido. Sem eles, as maiorias fecham-se no comodismo e muitas pessoas apenas nas boas-intenções. Todavia, não são bons «em si». No plano da luta concreta, uma barricada, uma greve, um meeting, um desfile não valem pela forma que tomam, mas por quem envolvem, pelo modo como se organizam, pelos objetivos que definem, pela capacidade que têm para se articular com outras formas de organização e luta dos múltiplos movimentos sociais. Extasiar-se pelo movimento dos «coletes amarelos» em França, como já por aqui vi, só porque este invoca algumas reivindicações aparentemente justas, e ergue barricadas, queima caixotes do lixo, vira automóveis e parte vitrinas – até a Galeria Jeu de Paume, de grande simbolismo histórico e artístico, foi atacada -, esquecendo ao mesmo tempo que em larga medida integram setores de extrema-direita e definem alguns interesses obscuros, é atitude marcada por uma perigosa cegueira.

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                        Três anos de Governo em perspetiva

                        A propósito do terceiro aniversário do atual governo, chegou-me um desafio. Pretendia uma jornalista que identificasse aquilo que da sua experiência irá «ficar para a História». Dedicando parte do meu trabalho à história do presente – isto é, a pôr em perspetiva temporal temas contemporâneos –, não sou partidário da «história imediata», uma vez que esta exclui um padrão de crítica que só o distanciamento temporal possibilita. Por outro lado, sou incapaz de profetizar o modo como cidadãos do futuro olharão este presente. Não deixei, porém, de aceitar o desafio, adiantando cinco dos tópicos que uma observação posterior poderá ter em conta.

                        Em primeiro lugar, esta foi, na nossa II República, a primeira experiência de um governo apoiado por uma maioria parlamentar construída sem o partido ou aliança mais votados, tal como com naturalidade se pratica há décadas em outras democracias (como sabe, por exemplo, quem acompanhou a série televisiva dinamarquesa Borgen). Este mecanismo criou uma nova solução democrática, anteriormente excluída entre nós, que assenta mais em entendimentos legislativos, e no estabelecimento de consensos interpartidários anunciados publicamente, que em meras combinações de gabinete geradas longe dos olhares dos eleitores. Esta nova possibilidade alterou os cenários do jogo político, enriquecendo-o. ler mais deste artigo

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                          Uma infeliz tourada

                          A posição do PCP sobre as touradas, juntando-se à direita para aprovar a descida do IVA das corridas para 6% terá as suas legítimas razões. O PCP tem sempre as suas legítimas razões, muito bem explicadas a quem delas discorda, fazendo-o quase sempre num tom defensivo e moralista perante a discordância, como se quem não as aceita ou entende, mesmo estando na área da esquerda e do socialismo, seja cego perante a luz da evidência ou cometa o pecado mortal do «anticomunismo». Quando as suas razões não são política ou eticamente explicáveis de um modo fácil, serve-se com frequência da demagogia, da manipulação da informação e, muitas vezes, de um recorrente legalismo, incompreensível num partido que, na essência, se propõe promover por todos os meios, incluindo os mais ousados, uma sociedade melhor e mais justa.

                          Neste caso, como em casos recentes de declarada concessão a posições conservadoras – ainda há pouco aconteceu, por exemplo, com a rejeição da eutanásia -, parece tudo bastante simples. Trata-se aqui de uma concessão eleitoralista a setores sociais retrógrados que se inserem no seu potencial eleitorado, em particular nos distritos do Alentejo e do Ribatejo, e da influência cultural do seu nacionalismo nuclear, tendente, desde há longos anos, a recuperar certas tradições como fator identitário, «patriótico», do país e dos portugueses. O resto do que possa afirmar sobre o tema – ou do que possam dizer alguns dos seus, procurando justificar o inaceitável enquanto outros preferem discordar em silêncio, já que a expressão pública de divergências permanece tabu – será apenas um exercício de retórica. Fica mais este registo para memória futura. Sou dos que o lamentam, pois não sou anticomunista.

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                            Contra a vulgaridade

                            A par do avanço da ignorância determinado pelo culto do imediato e da desvalorização do conhecimento acumulado, ao qual é sobreposta a mera capacidade de gestão material, a disseminação da vulgaridade é um dos mais graves perigos que as democracias atualmente enfrentam. Permite que qualquer pessoa, mesmo a menos preparada e fiável, se torne popular e chegue ao poder, desde que seja capaz, a par das alianças de conveniência, de se projetar a nível mediático na pele do cidadão comum, «vulgar», no qual os outros vulgares, que constituem uma porção significativa dos eleitorados, se revêem como a um seu igual. Logo como alguém através do qual, da vulgaridade que com essa figura partilham, se sentem representados. Pode esta perceção conduzir-nos a uma atitude social elitista ou mesmo isolacionista? Pode. Mas está nas mãos de quem de tal tenha consciência lutar contra esta tendência. Participando de um combate político e cultural persistente que integre uma dimensão formativa, que eleve, que emancipe, e não que siga a fácil adequação, muitas vezes de natureza demagógica e eleitoralista, ao menor denominador comum.

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                              O triunfo dos brutos e o seu antídoto

                               

                              Em Homens em Tempos Sombrios, de 1968, Hannah Arendt juntou dez pequenos ensaios sobre europeus de gerações diferentes que viveram um tempo, a primeira metade do século passado, poderosamente marcado por um trágico conjunto de sucessivas «catástrofes políticas e calamidades morais». Algumas apresentam pontos de contacto com a realidade que estamos a viver, onde reaparecem os fatores de desagregação, incompreensão e ódio que naquela época impuseram perseguições políticas e étnicas, legitimaram as piores ditaduras, acentuaram as formas de desigualdade e provocaram as guerras mais brutais. ler mais deste artigo

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                                Redes sociais e democracia em risco

                                Nos anos noventa, quando a expansão da Internet a fez transitar do mundo restrito dos departamentos de informática das universidades e dos centros de pesquisa para o domínio público, foi grande o entusiasmo entre quem antevia algumas das suas potencialidades fora dos terrenos mais exclusivos da ciência. Comecei a utilizá-la, ainda em terminais Unix, no ano de 1992, e participei em muitas experiências de comunicação por essa via que nessa altura transpiravam otimismo. Este encontrava-se sobretudo associado à perceção de que cada utilizador, em breve cada cidadão, poderia contactar muito mais pessoas, poderia aceder a uma quantidade muito maior de informação, permutando conteúdos de um modo prático, barato e veloz até aí impraticável. ler mais deste artigo

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                                  Clamor antifascista

                                  A organização de um antifascismo militante, que passe das declarações de princípios e da indignação à intervenção sistemática junto das consciências e aos gestos concretos, é cada vez mais imprescindível e urgente. A extrema-direita mundial tem as suas centrais de organização, a maioria na obscuridade e altamente financiada, servindo-se das democracias apenas para alcançar o poder e as subverter. O antifascismo deve fazer sobretudo o inverso, sem donos, partindo do coletivo e da cidadania. Mas precisa de organização, e para isso os partidos políticos que dele se reclamam podem e devem ser um bom princípio. Não a única via, de modo algum, mas um bom princípio. É que, isolado no seu horror, o cidadão amante da liberdade e da democracia apenas pode lamentar o que está a acontecer. E isso de nada serve.

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                                    Maledicência e democracia

                                    A depreciação gratuita e indiscriminada das pessoas que ocupam cargos políticos apenas por isso, muito comum nas redes sociais, é uma arma do populismo e arrasta consigo o fascismo. É fácil praticá-la, pois são muitos os governantes, deputados ou autarcas que em algum momento – por vezes, de forma sistemática – demonstraram desleixo, incompetência ou completa ausência de qualidades. Para além do envolvimento em situações de corrupção, abuso de poder ou práticas de autoritarismo. Podemos pegar em vinte, cem, duzentos casos, nos quais é fácil reconhecer essa situação, e depois generalizamos, proclamando que «eles», os políticos, «são todos iguais». Pode também usar-se um gesto, uma frase, uma escolha errada ou mais discutível de um deles, e depois aplicá-los a toda a sua atividade ou ao partido a que pertence. É essa a estratégia daqueles que, acima de tudo, procuram denegrir a democracia para melhor a combaterem, defendo como alternativa «salvadores» supostamente impolutos e caídos do céu.

                                    Escondem-se desta forma as pessoas realmente convictas, honestas e dedicadas que ao longo dos anos ocupam inúmeros cargos políticos, afirmando-se, quanto muito, que são exceções. Na maioria das vezes, isto é mentira. Estou à vontade para o dizer porque conheço ou conheci pessoalmente centenas de uns e de outros – ministros, deputados, autarcas – e sei que a larga maioria deles merece reconhecimento pelo seu trabalho. Mesmo que saibamos que ao seu lado circulam escroques e oportunistas. Mesmo que de modo algum concordemos com as suas escolhas. Quase sempre assim acontece, aliás, no meu caso de cidadão hipercrítico. A democracia é imperfeita e multiforme, pode e deve melhorar muito, mas o seu completo oposto é apenas a arbitrariedade e a ditadura do mais forte, sem contraditório, sem escrutínio público. Neste tempo que cruzamos é também a afirmação do maior demagogo.

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