Carros

Para a minha mãe, o meu pai era «obcecado» por carros. Para ela, a eterna fragilidade da nossa economia doméstica devia-se à tendência do marido para gastar com eles as nossas poupanças. Não posso avaliar se ela tinha ou não razão em relação a isso – é evidente que, deixada por conta própria, teria limitado a família a um carro pequeno por década, se tanto – mas mesmo aos olhos compreensivos de um filho que o admirava, o meu pai parecia de facto viver absorto com os seus carros; especialmente com os Citroën, a marca francesa cujos produtos idiossincráticos enfeitaram o pátio da frente da nossa casa durante a minha infância e adolescência. Tivemos uma ou outra ocasional aquisição inglesa, feita por impulso, da qual rapidamente nos arrependemos – um Austin A40 descapotável, um AC Ace desportivo -, além de um capricho que durou algum tempo com um DB Panhard, do qual falarei mais à frente; mas durante anos Joe Judt conduziu, consertou e falou sobre Citroëns.
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