Da relevância de falar ao direito a ser escutado

Ao contrário do que entende o senso comum, o sentido de responsabilidade não impõe a moderação, a contenção e o silêncio. Seria assim se o isolássemos como uma escolha pessoal fatalmente associada ao calculismo ou ao medo. «Responsável» seria então aquele que não se intromete, que se cala, mesmo perante as maiores iniquidades, ou então que apenas fala pelo seguro, medindo sempre todos os prós e todos os contras, por isso tantas vezes acabando por jamais se pronunciar. Todos conhecemos pessoas assim, pois elas estão em todo o lado. Desta «responsabilidade», ao mesmo tempo egoísta e complacente, vivem afinal as ditaduras e todos os sistemas iníquos, mesmo quando formalmente democráticos, apoiados na certeza de que a sua observância será suficiente para que a injustiça, o mau governo e a agressão ao bem comum fiquem inquestionáveis e impunes.
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