Duas cidades e uma só

De cada vez que se inicia o ano letivo regressa a polémica sobre as praxes. Acontece de forma mais intensa em Coimbra, dada a relação particular da cidade e da sua universidade com esses ritos. Raramente tem algo de estimulante e construtivo, limitando-se quase sempre a uma rude e estéril troca de palavras. Os campos afastam-se abertamente: de um lado, os que se opõem de todo às suas formas, em particular aquelas que têm ganho corpo nos últimos tempos, considerando-as obsoletas e negativas; do outro, os que as defendem de um modo irredutível como fator de inclusão e característica identitária. Entre os dois polos um terreno vasto, povoado pelos que reconhecem as antigas praxes, sem se aperceberem de como nos últimos anos estas mudaram de qualidade, por uma população em larga medida indiferente ou avessa aos seus momentos, e por um país que as olha como para uma encenação que mistura episódios de tragédia e instantes de comédia. (mais…)