A alternativa não é o abismo

No artigo publicado esta segunda-feira no Guardian, que hoje mesmo o DN traduziu, o historiador Timothy Garton Ash faz notar algumas das pesadas consequências para a generalidade dos gregos, e também para muitos dos Estados da zona euro, que se encontram associadas a uma eventual saída da Grécia da moeda única. A aventura do tão temido quanto desejado Grexit, independentemente da sua aparente inevitabilidade, e de alguns problemas que, pelo menos aparentemente, pode de facto resolver, não deixa de ser isso mesmo, uma aventura.
Ela traduz, no olhar de Ash, um inevitável afastamento em relação à matriz europeia da nação grega, um fechamento desta sobre si própria, a criação de uma situação de subalternidade em relação à Turquia, seu concorrente histórico na região, e, dir-se-á também, uma dependência maior, com consequências não menos imprevisíveis que as que neste momento se configuram por causa da situação de insolvência, em relação aos interesses económicos e geoestratégicos da Rússia e da China. Além de que produziria rapidamente a maior descida do nível de vida da história recente do país. Se tal ocorresse, a resolução do problema da dívida traria assim consequências que, no imediato, seriam ainda mais pesadas que as produzidas por estes anos de brutal austeridade, e «os gregos se perguntariam para quê terem sofrido tanto.» (mais…)
