Author Archives: Rui Bebiano

Trabant-2009

Trabant

Sobre os obscuros meandros do caso Freeport, declarou Jerónimo de Sousa que «é mais perigoso recorrer à propaganda para esconder a realidade do que dizer a verdade». Finalmente o PCP parece começar a tirar ilações sérias do que aconteceu a Leste, no seu velho e confortável Paraíso. O que só nos pode deixar felizes, expectantes e de braços abertos. A sério.

    Atualidade, Olhares

    It’s a Mad, Mad, Mad, Mad World

    Mad, mad, mad, mad world

    Obama «não tem a letra M nas suas iniciais». Não tem mas deveria ter. Sim porque «M poderia ser» o de Martin Luther King, o de Mahatma Ghandi ou o de Mandela. E também porque o M de Obama é, «à escala nacional», o M do Movimento Esperança Portugal, e, claro o de Marques, o seu Meritório presidente. Porque ambos concitam «dois grandes desígnios», que são «Esperança e Mudança». E é afinal no MEP – não esqueçamos, o prometedor partido de Laurinda «M» Alves («Quisque cursus ligula ut nunc»?) – que se reúnem, em Portugal, «aqueles que em conjunto com muitos outros deram a vitória a Obama». Tudo isto (e muito mais) é-nos revelado, «como o devido respeito» (como diria Manuel Monteiro, outro Maluco da política que também abusa do M), aqui na página oficial do MEP. [sigam ambos os links que não se arrependerão]

      Apontamentos, Devaneios

      Agradecido

      Óculos

      Comecei por sofrer de astigmatismo, o que me fez usar óculos desde os 10 anos. Aos 14 declarei profundamente inestético, e mau para aliciar mancebas, aquele apêndice de massa castanho-escura, tendo andado uma década ou mais sem tal objecto encavalitado no nariz. Depois dos quarenta apareceu a miopia. Assustei-me quando sem a graduação apropriada deixei de poder ler as tabuletas da autoestrada – por causa disso perdi-me certa vez em Moscavide quando devia ir a caminho de Huelva -, mas recompus-me com uma colecção de próteses para ver ao perto, ao médio e ao longe, desktops e palmtops, livros e filmes, jogos de campo, de sala ou de mesa. Jamais perdi, porém, a mania de ler as letras miudinhas das bulas dos medicamentos, das obras em papel de arroz, das notas de rodapé. Quem olha os meus ecrãs avisa-me sempre que estou a dar cabo da vista de tão pequenos se mostram neles os caracteres. Talvez por isso, irritam-me um pouco aqueles documentos – recebo-os quase todos os dias – que ampliam o texto a 140, a 165, a 200 por cento. É como se alguém me gritasse aos ouvidos. A quem possa ter esse desagradável hábito e me envie habitualmente dóques, erre-tê-éfes ou xiz-éle-ésses com o zoom elevado a tamanho para ceguetas, peço pois o grande favor de arrepiar caminho. Agradecido.

        Apontamentos, Etc.

        «Falar» na polícia

        Tortura

        A partir de hoje e durante toda esta semana, Caminhos da Memória irá publicar um longo texto de Diana Andringa dedicado a um dos temas mais difíceis e silenciados – mas incontornável pois determinou muitos dramas humanos e reviravoltas políticas das quais ainda hoje podemos colher certos ecos – da história da oposição ao Estado Novo.

          História, Memória

          O 4º pecado capital

          Allen

          Declaro sobre a Bíblia Sagrada – e até pode ser a mesma, a verdadeira, a de Lincoln, sobre a qual jurou o escurinho de quem se fala – que começava a escrever este post quando verifiquei que o Pedro Vieira acabava de publicar um outro sobre o mesmo assunto. Mas tenho o dever de insistir na mensagem: é profundamente injusto fazer-se alguém passar por génio inofensivo, e tocador de clarinete nas horas vagas com uma grande admiração por Ingmar Bergman em full-time, para poder filmar em Vicky Cristina Barcelona, sem quaisquer problemas com a polícia, velhíssimas fantasias masculinas envolvendo sexo sáfico e ménage à quatre. Ainda por cima com Scarlett Johansson e Penelope Cruz como protagonistas (mais Rebecca Hall e Javier Bardem, sejamos justos).

            Cinema, Etc., Olhares

            O taser de Taborda

            1500 Volts

            Um certo Sr. Taborda, dirigente da Federação Nacional dos Sindicatos da Função Pública, acaba de chamar a atenção para a falta de segurança de quem ganha o seu pão a trabalhar com menores delinquentes. Acha mesmo que chegou a hora de discutir a hipótese de os trabalhadores dos centros educativos terem acesso a tasers – sim, aquelas armas de electrochoque de alta voltagem que paralisam o alvo humano ao actuarem sobre o sistema nervoso central. «Se calhar», disse aos jornalistas, «nas unidades residenciais fechadas há necessidade de as equipas terem meios de contenção para as situações mais graves». Se calhar, podemos conjecturar, Taborda ainda estará a tempo de fazer um estágio em Guantánamo ou Abu Ghraib. Servindo de alvo, naturalmente.

              Apontamentos, Democracia

              Debaixo de fogo

              Guerra

              «Acho a guerra detestável, mas ainda são mais detestáveis aqueles que a elogiam sem nela haverem participado», escreveu Romain Rolland em 1914. Só defende as virtudes da guerra sem hipocrisia quem não conhece os seus horrores. Quem a observa à distância, sem razões para sentir medo, como numa brincadeira com soldadinhos de chumbo. Pela televisão, pela Internet, num daqueles livros de História sem alma que excitam os militaristas ou num álbum de fotografias cuidadosamente editadas para poisar sobre a mesa do chá. E mesmo aí deparamos com uma escolha, ocultando-se invariavelmente aquilo que existe de mais sórdido sob o fogo do combate: os berros atrozes, as tripas espalhadas pelo chão, o tremor dos corpos sobreviventes, o cheiro horrível do ferro em brasa misturado com vísceras queimadas.

              Existe depois a selecção do cenário. Susan Sontag lembrou, em Olhando o sofrimento dos outros, que «quanto mais remoto ou exótico for o local, mais provável será que nos seja dado ver imagens frontais de mortos ou agonizantes». Ainda há pouco tempo pudemos perceber como as piores imagens da guerra da ex-Jugoslávia somente em sessões fechadas ao público e à comunicação foram apresentadas no Tribunal Penal Internacional de Haia. O mesmo acontecera já em Nuremberga. Pode falar-se da guerra com entusiasmo no ambiente asséptico das instalações de um Alto-Comando ou confortavelmente protegido pelo distanciamento temporal dos factos mencionados. Ou então observando-a como cenário ou mesmo como parte da obra de arte («Ah, Deus, como é bela a guerra!», escrevia Apollinaire em 1918, o ano da sua morte). Mas jamais em directo, sob fogo cerrado, debaixo do efeito de sopro das explosões, escutando o fragor dos passos rápidos, em fuga.

                Atualidade, Olhares

                «Estas coisas são antigas»

                Tempo

                Eu sei que mais tarde ou mais cedo se quebrará o feitiço. E que sempre que falamos de patriotismo remexemos na caixa maldita que a filha primogénita de Zeus enviou a Epimeteu e este abriu libertando os males do mundo. Mas foram de facto raras, «antigas», inscritas numa dimensão ética quase fora deste tempo, algumas das frases do primeiro discurso oficial de Barack Obama. São trechos nucleares sobre os grandes princípios da convivência política e social, palavras que já não se costumam ouvir no refrão ajustado para os momentos de campanha, e que por isso mesmo a maioria dos comentadores ignorou ou achou desinteressantes. Esquecidas também porque centradas em desígnios, em princípios de vida, traduzidos em palavras que já não inteiram o ar do tempo. Mas é mesmo por isso que sabe bem ouvi-las sem ligarmos  à grande ilusão que sabemos conterem e tudo aquilo que o futuro nos reserva. Ler mais aqui.

                  Atualidade, Opinião

                  Seguir pela esquerda

                  Pela esquerda

                  Vale a pena ler com alguma atenção o dossiê «A Esquerda e o Poder» que vem no número deste Janeiro do Le Monde Diplomatique português. O tema será provavelmente eterno, e os quatro testemunhos escolhidos demonstram de que maneira, felizmente, a declaração do binómio mais facilmente promove a divergência do que instiga o unanimismo.

                  Ao contrário do habitual neste tipo de nota, refiro primeiro os dois textos que me parecem francamente menos estimulantes. O artigo de António Abreu, ex-vereador lisboeta pelo PCP, intitulado «Diz-me como o exerces…», é crispado e previsível. O primeiro parágrafo dá o mote, pois nele se anuncia logo que o autor não vai «dar para o peditório que se vai arrastando penosamente das agregações, reorganizações e reconfigurações das várias componentes da esquerda», deixando claro que é «a experiência política» que o afasta de «tais conversas». Pouco há, pois, para discutir, tratando-se sobretudo de reafirmar convicções sobre a disjunção esquerda-direita que Abreu resolve sem quaisquer sobressaltos para quem conheça as posições oficiais do seu partido. Desenvolve depois algumas considerações que se fixam no papel da (sua) esquerda no domínio do poder autárquico. Já o texto de André Freire, «Esquerda plural e clareza das alternativas», nada tem de preconceituoso, mas integra a marca de uma boa parte das suas intervenções públicas: revela um exercício de ciência política de orientação normativa, criterioso e documentado como seria de esperar, mas infelizmente com um interesse um tanto relativo para o padrão de debate, mais de uma natureza prospectiva, mais quente, que aqui o tema proposto parecia reclamar e provavelmente a maioria dos leitores agradeceria.

                  Os outros dois testemunhos são claramente mais interessantes e, acima de tudo, abrem-se a um debate que possa ter em conta o necessário aggiornamento da esquerda, os rostos diversos que a sua definição como território de resistência vai tomando, e a sua ligação às experiências de conquista e de partilha do poder. Em «Poder fazer, fazer o poder», Daniel Oliveira recupera algumas das posições públicas que tem manifestado sobre as possibilidades da esquerda conservar a suas capacidades no terreno da contestação e da prática contracultural, sem que tal implique obrigatoriamente uma recusa de participação, ou até de partilha, no campo do poder. Recusando que a lógica dos movimentos sociais os reduza às relações de enfrentamento com a política institucional, sublinha que a participação da esquerda da qual fala nos organismos de decisão pode impulsionar mudanças pelas quais ela se tem batido. Mas avisa que «a luta pelo poder nas instituições de Estado» não só não dispensa esses movimentos «como precisa deles se quiser mudar alguma coisa.» Deixa claro constituir um erro o voltar das costas a esse espaço de intervenção, por troca com uma cultura de contrapoder ruidosa mas sem efectiva capacidade para mudar as coisas.

                  Por sua vez, José Neves, em «Alguns lugares-comuns sobre o poder», caminha de certa forma em direcção contrária, deixando em alguns momentos no ar a possibilidade negativa de o poder, o poder sem si, «sujar» a capacidade positiva de insubordinação diante da ordem injusta que a matriz da esquerda deve necessariamente incorporar. Provavelmente, este artigo é dos quatro o mais ambicioso, sendo o único que aborda criticamente algumas das fundações contemporâneas do conceito e da actividade de esquerda, colocados ambos sob uma perspectiva temporalmente situada que parece fecunda. Mas é também o único que não sugere respostas imediatas, pondo o acento tónico na diversidade das situações e na obrigatória capacidade de reformulação e de redescoberta que a esquerda e as suas organizações precisam manter para se adaptarem, reorganizarem e agirem num mundo crescentemente complexo: a ‘forma’ como elas fazem política deve então, nesta direcção, «ser algo tão ou mais importante do que o conteúdo das ‘políticas’ que defendem.»

                  O dossiê do LMD aproxima sintomas, vírus e fármacos. Não se ocupa, felizmente, da perfeição futura do doente quando por um passe de magia revolucionária este retornar ao estado saudável. Em parte, foi esta presunção de mudança que produziu o modelo unívoco e autofágico de esquerda que o tempo se tem encarregado de varrer. Para que outro, menos peremptório, mais plural, possa seguir o seu caminho.

                    Opinião

                    Figuras de linguagem

                    Pensador

                    «Alberto João Jardim vai estar no dia 23 no Clube dos Pensadores.» Não sei bem qual a figura de linguagem que poderemos aplicar a esta frase que chegou e à situação que ela indicia. Será o paradoxo? Será o eufemismo? O disfemismo? Talvez a hipálage, essa atribuição a um ser ou coisa de uma qualidade ou acção pertença de outro ser? A personificação, porventura? E a hipérbole, a sinestesia, a alegoria? Servirá alguma delas? Ou será preferível o animismo, que impõe a concessão da vida a seres inanimados? Talvez uma apenas, ou todas elas? A escolha é difícil, mas jamais servirá a ironia. Será melhor pensar com calma.

                      Atualidade, Devaneios

                      Toma lá ké pr’aprenderes

                      Não foi uma situação que estivesse prevista, mas após desistir da SIC-Notícias por casa das banalidades de Rogeiro & Cia. e do ruído da tradução directa, como não acertei logo com o canal da CNN acabei por escutar o primeiro discurso do 44º Presidente dos EUA através da Al-Jahazeera.

                        Atualidade, Etc.

                        «Destes, gosto mesmo!»

                        Queridos amigos,

                        Foi lançada uma nova corrente destinada a sugerir a cada blogger nacional que mencione 15 blogues dos quais gosta muito, desafiando-se depois os «premiados» a continuarem a iniciativa passando a palavra àqueles que nomeiam. Em poucas horas, este blogue foi já citado algumas vezes, o que só honra o seu autor e, claro, confirma o bom gosto de quem o escolhe como companheiro de jornada. Agradeço muito a sua prova de confiança, embora não possa prometer amor eterno. Não vou seguir a cadeia, entre outras razões, porque se em 3 ou 4 é fácil excluir alguns, em 15 a escolha pode converter-se numa afronta aos rejeitados, e eu tenho o bom-nome, a segurança física e uma posição no mercado a salvaguardar. Mas aqui irei deixando ficar uma referência a quem premeie este blogue e eu tenha a possibilidade de detectar esse gesto da mais elementar justiça.

                        «Gostam mesmo» d’A Terceira Noite e ela deles (bom, quase sempre): blogOperatório, Corta-Fitas, Delito de Opinião, Der Terrorist, Entre as Brumas da Memória, Estado Sentido, Hoje Há Conquilhas, Amanhã Não Sabemos, O Amor e Outros Desastres, Segunda Língua.

                          Cibercultura, Oficina

                          Footurismo

                          O futuro

                          Portugal associou-se hoje à Espanha para lançar uma candidatura conjunta ao Mundial de Futebol de 2018. Confesso que nesta altura tenho dificuldade em pensar em qualquer coisa projectada para um futuro tão remoto, mas talvez seja por isso que não sou presidente da Federação nem me deixam entrar no clube de bridge. Quem tenha a capacidade previdente de projectar com antecipação aquilo que os outros irão sonhar no futuro sabe muito bem que o mundo pula e avança com bolas coloridas (e operações financeiras de longa duração). Além de que nessa altura já teremos o TGV em condições de darmos um saltinho a Barcelona a ver a bola, regressando a casa a tempo de ver o Prós e Contras. Construir o futuro é isso mesmo, antever. E depois há que continuar a trabalhar, levantar a cabeça e olhar em frente. Nós, maledicentes e esquerdistas, é que não estamos a ver a coisa e só temos pensamentos negativos. Mas calar-nos-emos quando ouvirmos o ruído das obras e virmos o povo em êxtase, a saltar, a saltar, as bandeiras a abanar.

                            Atualidade, Devaneios, Olhares

                            Uma dor boa, sabem?

                            «Aconteceu uma coisa terrível na educação: tudo tem de ser divertido.» Nem tudo o que diz Alice Vieria na entrevista que deu ao Público de hoje – e que pode ser lida aqui – me parece indiscutível, mas existe muito de avisado nela. E a frase destacada pelo jornal sublinha aquela que me parece, de facto, ser a fonte última de alguns dos maiores problemas do sistema que temos, disseminados já por todos os graus e áreas de ensino. A dor de aprender é uma dor boa, só que muitas pessoas, e algumas delas com poder de decisão neste campo, já não sabem disso. Não sabem o que perdem, aquilo que deixam de ganhar e o que roubam aos outros.

                              Atualidade, Opinião

                              Gente imensa

                              Intelectuais

                              Em Intellectuals – um livro já com mais de vinte anos, pronto agora a sair em edição portuguesa – o historiador e jornalista britânico conservador Paul Johnson inventaria as características recorrentes que considera próprias de quem vive aquela condição. Serão estas, aliás, que quase sempre as transformam em figuras públicas, muitas vezes singulares e admiráveis, mas que na vida privada se transmutam em seres falíveis ou execráveis. Eis algumas dessas qualidades-natas (por ordem alfabética para que ninguém se sinta prejudicado): agressividade, ambição, auto-comiseração, auto-convencimento, cobardia, credulidade, crueldade, egoísmo, falsidade, hipocrisia, indolência, ingratidão, intolerância, irascibilidade, manipulação, misantropia, oportunismo, rudeza, snobismo e vaidade. É preciso ser-se imenso, e ainda imensamente competente, para aguentar com tanto atributo em cima.

                                Devaneios, Etc.

                                Ainda e de novo

                                Pax Arabica

                                Ainda e de novo Gaza. Ainda e de novo uma evidência. Ser por uma solução justa é ser pela paz, mas ser pela paz não impõe a vitória de um Estado sobre um povo, de um povo sobre outro povo, de um povo que se bate pelos seus direitos sobre outro que o faz também. Ser pela paz não é ser contra Israel, como o Hamas confirma e os idiotas úteis se esforçam por provar.  Ser pela paz não é condenar a Fatah e ignorar os israelitas que não são belicistas. Ser pela paz não é ser por Israel e a imposição violenta de uma pax hebraica erguida contra uma eventual pax arabica. Não é ser sionista. Nem anti-semita, já que semitas são eles todos, e também nós um pouco.

                                Mas também não é ser estúpido e acreditar que são todos bons rapazes. Nem fugir ao óbvio: a actual guerra injusta, aproveitada por sectores no poder em Israel para afirmarem uma política agressiva e se manterem no poder, foi, num primeiro momento, na altura do Natal, directamente provocada pelo Hamas, que sabia muito bem ir ter uma resposta. Que, tal como o Hezbollah, procura usar a luta dos palestinianos para impor mais uma ditadura islamita, como o comprova a sua forma de governar as regiões que controlam. Que não quer paz alguma: quer a guerra, como o atesta a reivindicação estúpida de agora apenas aceitar o cessar-fogo cedido pelos israelitas se os vencedores a curto prazo se declararem vencidos a longo termo. Que se serve de escudos humanos e transforma os horrores da guerra, reais – dos maiores horrores da Segunda Grande Guerra, relembro, viveu-os a Alemanha sob as bombas aliadas, como no-lo contou W. G. Sebald – em propaganda que muitos ocidentais compram sem ver. Ser pela paz é apresentá-la como o único horizonte possível, mas não é a aceitar a supremacia de uma das partes. E, de um lado ou do outro, não se faz, não pode fazer-se, com aqueles que pretendem impor essa supremacia. Tanto quanto seja possível, e o mais depressa possível, esses devem ser afastados do processo. Em nome de uma paz levantada contra os tigres e os falcões, e que não nasça podre.

                                  Atualidade, Democracia, Opinião