Author Archives: Rui Bebiano

É a cultura, estulto!

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Não foi a intervenção em si, mas sim aquilo que ela indicia. Na SIC, ontem à hora do jantar, as palavras de Ricardo Costa, director-geral adjunto da estação, a propósito da mudança de titular no Ministério da Cultura, tornaram muito evidente a promiscuidade instalada entre uma forma particular de «comentar» mediaticamente a actualidade política e um determinado modo de «fazer» a política à qual se refere essa mesma actualidade. Que primam pela superficialidade, cada vez mais submersos, uma e outro, no imediatismo dos raciocínios e na vulgar contabilidade dos votos e das influências.

Ao considerar irrelevante o papel do Ministério da Cultura («que até foi, durante bastante tempo, uma simples secretaria de Estado»), por este não contar «em termos de votos», achando até desproporcionada a projecção mediática que os seus actos normalmente têm, Costa não evidenciou apenas uma notória estreiteza de visão, parecendo não perceber o valor estruturante e simbólico das políticas culturais. Demonstrou também alguma falta de perspectiva, traduzida no esquecimento do impacto a médio prazo, repercutido nas mais diversas áreas, que têm as iniciativas governamentais neste domínio. Aqui como «lá fora»: afinal, ainda hoje se recorda a obra (discutível, mas obra de impacto) do ministro francês Lang.

Triste exemplo o de um «comentador político» que centra os seus comentários apenas nos resultados eleitorais, nas sondagens, nos títulos da imprensa, nas tricas de antecâmara. O drama é que não se trata apenas de um caso individual ou de um momento de dislate, mas antes de uma escola instalada, transversal a um certo jornalismo e a uma determinada forma de fazer política, que todos os dias nos zumbe aos ouvidos. E que por vezes atordoa.

    Opinião

    De novo e de novo a língua

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    A revista Manière de Voir dedica o último número (Fevereiro-Março) ao que chama «a batalha das línguas». Trata-se desse confronto em crescendo, vivido neste momento à escala planetária, que associa a cartografia dos falares a uma ordem política e económica que se sobrepõe à liberdade das escolhas individuais. Em «Une idée en marche, la latinité», Philippe Rossillon, actual secretário-geral da União Latina, fornece mesmo um exemplo dramático desta realidade, na qual a exclusão em relação a uma língua pode até conduzir ao mais extremo desespero: em Itália foram já registados muitos casos de depressões nervosas, e até de suicídios, ocorridos com alunos cujos acasos da vida escolar os haviam forçado à aprendizagem do francês em detrimento do inglês, afastando-os aparentemente de uma vida profissional com boas expectativas.

    Nesse artigo, Rossillon sublinha a necessidade de elaborar um padrão de resposta a este estado de coisas, assegurando a força de outras opções. O seu ponto de vista, favorável a um retorno do protagonismo das línguas novilatinas, merece a atenção desde logo porque exclui, o que me parece do mais elementar bom senso, qualquer hipótese de revanche do francês (hoje a língua materna de «apenas» 77 milhões de pessoas, contra, por exemplo, os 358 milhões do espanhol e os 170 milhões do português). Depois porque propõe um esforço conjunto das línguas de matriz latina fundado numa tomada de consciência de um perigo partilhado – a larga maioria dos seus falantes podem ver-se forçados, em breve, a comunicarem entre si em… inglês – e na necessidade destas se orientarem, um pouco como o fazem já os países escandinavos, para uma reciprocidade nos domínios linguístico e cultural indispensável para a sua sobrevivência neste território de batalha. E, por fim, porque entende que o seu papel neste combate implica uma mobilidade, uma modernização e um esforço de aproximação capazes de fundarem uma verdadeira alternativa à fluidez pragmática do inglês. Língua que conta com 322 milhões de native speakers mas é falada, em larga medida devido à posição hegemónica da cultura americana e à sua adaptação à inovação tecnológica, por pelo menos 530 milhões de seres humanos.

    Adenda: ler também este post de Joana Lopes

      Apontamentos, Atualidade, Olhares

      Eles já chegaram

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      Vêm aí os Russos! (The Russians Are Coming, The Russians Are Coming, realizado por Norman Jewison e estreado em 1966) foi um dos produtos fílmicos da Guerra Fria mais divulgados no mundo ocidental há cerca de quarenta anos atrás. Em registo de paródia, ele partia da presunção, então espalhada no ocidente, de um carácter insuportavelmente maléfico de qualquer cidadão soviético vivo e das acções do governo que lhes orientava os passos. Ainda que, no filme, o pavor dos habitantes do Massachusetts que inesperadamente viram chegar os marinheiros russos fosse desproporcionado em relação às suas intenções não-agressivas. Tenho a impressão de voltar a sentir alguns dos fumos desse tempo de medos quando vejo, oiço e leio algumas das notícias sobre os exercícios militares navais que, neste momento, a marinha de guerra russa realiza nas águas do Mediterrâneo e do Atlântico.

        Atualidade, História, Memória

        Habash

        Poucos repararam na morte recente de George Habash. Mas foi ele o fundador e, ao longo de décadas, o dirigente máximo da Frente Popular para a Libertação da Palestina, a facção radical – para a época, naturalmente – que ao longo da década de 1970 materializou, dentro da OLP, uma oposição relativamente leal à direcção moderada de Yasser Arafat. Manteve-se, durante anos, como o rosto visível de uma linha de inspiração marxista que chegou a deter uma razoável capacidade de manobra no mundo árabe. E também algum capital de simpatia entre a esquerda e a extrema-esquerda do Ocidente (incluindo-se nesta parte da portuguesa). Em 1967, quando Habash fundou a FPLP, o «socialismo árabe», tendencialmente laico, vector de um pan-arabismo preocupado com a injustiça social, parecia ainda ser uma alternativa próxima e possível. E o «radicalismo» da FPLP não o excluía. Por muito que possa custar hoje admiti-lo, a falência dessa versão arabizada e cheia de cambiantes da utopia socialista abriu caminho, como recordou Samir Kassir, à afirmação dos grupos religiosos intransigentes que dominam actualmente boa parte do Islão. E que asseguraram já uma regressão cultural e social iniludível. Provavelmente as democracias ocidentais deveriam ter considerado de uma forma menos timorata e agressiva o programa político desse «socialismo».

          Atualidade, História

          Por exemplo

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          O ex-chanceler social-democrata alemão Helmut Schmidt, de 89 anos, e a sua mulher Loki, de 88, foram ambos processados por autoridades policiais de Hamburgo após terem sido denunciados por uma organização de vigilância e pressão de não-fumadores – sim, parece que na Alemanha já há disto – que os acusa de terem fumado durante um acto público num teatro da cidade. De acordo com o El País, Schmidt foi operado por duas vezes devido a problemas cardíacos mas fuma sem parar cigarros mentolados e gaba-se mesmo de o fazer como um acto de desobediência civil e expressão da sua própria liberdade («eu só não fumo na igreja», declarou há dias). Loki Schmidt é um pouco mais diplomática e objectiva: «os médicos aconselham-nos a não deixar de fumar pois isso provocaria uma situação de stress para o nosso corpo».

            Atualidade, Olhares

            Coimbra pelo direito à cultura

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            Esta semana foi divulgado publicamente um documento assinado por um amplo grupo de cidadãos de Coimbra com responsabilidades e com actividade na área de cultura, destinado – esgotadas que parecem estar todas as possibilidades de um diálogo construtivo e razoável com os responsáveis autárquicos – a chamar a atenção para o estado trágico e calamitoso em que se encontra a política cultural municipal. Nada melhor, para se entender o sentido do documento, do que segui-lo de perto: «Coimbra é hoje uma cidade amarfanhada do ponto de vista cultural, que só não se tornou absolutamente insignificante a nível nacional graças à actividade que, no limiar da sobrevivência, os poucos agentes culturais que ainda restam conseguem ir desenvolvendo. A Câmara Municipal já não se limita a não apoiar devidamente a actividade cultural que aqui é feita; assume-se, pelo contrário, como um elemento dificultador e tendencialmente destruidor do potencial de criação artística que a cidade possui e que é uma das suas principais mais-valias.»

            Quem vive em Coimbra ou conhece bem a cidade tal qual ela é hoje, e tem uma noção actualizada e democrática do que pode e de qual deve ser o lugar dos executivos municipais na dinamização e na modernização cultural, sabe bem do que se fala quando se desenha um panorama funesto daquilo que a este nível ali (aqui) se tem vindo a passar. O que é tanto mais grave quanto se sabe que a «cidade dos estudantes» é principalmente habitada por quadros de formação universitária, bem como por uma classe média e por uma população juvenil bastante numerosas, que possuem expectativas culturais, de uma natureza urbana e crescentemente globalizada, totalmente incompatíveis com a dimensão popularucha e kitsch que neste domínio a gestão camarária tem assumido. Voltada quase exclusivamente para um público semi-rural, adepto de um certo «folclorismo» passadista e minoritário já em termos demográficos, a Câmara de Coimbra nem sequer parece aperceber-se da forma como essa atitude cria um mal-estar que prejudica a sua própria imagem. No presente e para o futuro. É importante – e urgente – contrariar este estado de coisas.

            Este manifesto público de preocupação e protesto pode ser lido na íntegra no blogue Amigos da Cultura. Onde é possível também saber quem o subscreveu e juntar-lhe novas assinaturas. E acompanhar o debate agora aberto.

              Atualidade, Coimbra, Olhares

              Revolução de veludo

              Uma das conclusões pode surpreender-nos. A outra não.

              «Os professores são os profissionais em quem os portugueses mais confiam e também aqueles a quem confiariam mais poder no país, segundo uma sondagem mundial efectuada pela Gallup para o Fórum Económico Mundial. Os professores merecem a confiança de 42 por cento dos portugueses, muito acima dos 24 por cento que confiam nos líderes militares e da polícia, dos 20 por cento que dão a sua confiança aos jornalistas e dos 18 por cento que acreditam nos líderes religiosos. Os políticos são os que menos têm a confiança dos portugueses, com apenas 7 por cento a dizerem que confiam nesta classe.»
              Público, 25/1/2008 [os sublinhados são meus]

                Atualidade, Recortes

                O tabu do incenso

                incenso

                Na sequência do oportuno reparo de João Tunes sobre alguns problemas ambientais que deveriam preocupar seriamente o nosso zeloso e apostólico Director-Geral da Saúde – e também os mais corajosos e consequentes dos deputados da nação –, uma chamada de atenção para a actividade nefasta do incenso. Essa agressiva substância aromática, supostamente purificadora, que tantos católicos praticantes ou simples turistas são forçados a respirar passivamente nas mais diversas ocasiões litúrgicas e que o insuspeito Catholic News considera manifestamente perigosa para a higiene pública ou, pelo menos, para a saúde dos fiéis. Mais detalhes aqui.

                  Atualidade, Etc.

                  «Éramos vinte ou trinta nas margens do Sena»

                  «Para mim, todos os justos, bem como todos os heróis, só em França se produziam na perfeição, como os espargos». A asserção de Eça terá sido produzida por volta de 1887, mas oitenta anos e várias gerações depois era ainda a partir das coordenadas da França, e em língua francesa, que muitos portugueses de leituras – dos que se não ajustavam ao «doce viver habitualmente» apetecido pelo eminente saloio do Vimieiro – olhavam o mundo e as suas mutações. É provável até que eu próprio pertença à última geração que aprendeu a dizer táble muito antes de saber pronunciar têible, mas cá me fui adaptando, embora de vez em quando possa deixar fugir le pied pour le chausson. Um pouco como aconteceu com o «Ministro do deserto» e esse repentino jamais que os jornais – onde proliferam licenciados em jornalismo que «não fazem a mínima» sobre quem foi Émile Zola ou Jean-Paul Sartre – verteram sem problema algum para jamé. Apesar de não ser de aceitar a condescendência das chefias de redacção com tal coup de pied no dicionário, temos de admitir que o episódio não passa de um pequeníssimo sintoma do trambolhão da língua e da cultura francesas que se tornou irreversível a partir dos anos 80. E não há Sarkozy, com elas ou sem elas, que lhe possa dar a volta. Quel dommage!

                    Atualidade, Memória

                    So long, Bobby

                    Bobby Fischer

                    Morreu Bobby Fischer o «excêntrico, arrogante, insano, incomparável e genial» ex-campeão mundial de xadrez. Morreu hoje em Reiquiavique, na Islândia, o seu último e escolhido lugar de repouso e de exílio. Com ele desaparece também uma parte central da memória mais intensa da Guerra Fria (1234). O xadrez, dizem, foi apenas um pretexto.

                      Apontamentos, Memória

                      N e a sua Josefina

                      A incerteza instala-se e percorre o planeta. Terá ou não o senhor do palácio do huitième arrondissement casado de papel passado com a ex-modelo, honrando os seus compromissos e comprovando a vertiginosa celeridade dos processos de divórcio em terras de França? Por via das dúvidas, os circunspectos responsáveis pelo Castelo de Windsor já fizeram saber que não gerem um motel, reservando aposentos separados para a sua estadia de Março, não fosse o espectro de Vitória, a rainha, retornar do além-túmulo de pistola na mão, garantindo o escândalo e um embaraçoso conflito diplomático. Ao mesmo tempo, as autoridades sauditas desaconselharam o fogoso gaulês a deslocar-se a Riade na companhia da sua mais recente companheira de quarto. Há que manter os elevados padrões de ortodoxia moral que fundam – porque não dizê-lo – as grandes civilizações. De outro modo, onde iríamos parar?

                        Devaneios

                        A prova do futuro

                        «O presente é um território que exige que se vá além de todos os limites», escreve o filósofo espanhol Ignacio Izuzquiza. É o único território a partir do qual é possível sonhar com tempos diversos e preferíveis. Por isso, apenas numa tonalidade esquizofrénica é possível vivê-lo. Imaginando futuros possíveis projectados a partir de passados pouco mais que prováveis, localizados sempre para além daquilo que permanece convencionado como «o real». Os programas políticos que não assumam essa dimensão prospectiva e fantasiosa estão condenados a ficarem sempre aquém do possível. A gerirem o presente de forma apenas razoável («realista», dizem). A deixarem-se bloquear e a caminharem rumo a uma inevitável derrota histórica.

                          Devaneios, Etc.

                          Smoking

                          O que acontecerá agora ao smoking, essa peça de vestuário masculino especificamente concebida para ser envergada em espaços e momentos destinados aos prazeres do fumo? Ficará definitivamente confinado às salas de jogo dos casinos? Apenas será vestido no interior das mansões à hora do bridge? Irá jazer dentro de escuros guarda-fatos na companhia de umas quantas bolas de naftalina?

                          Imagem: Ian Fleming, agente dos serviços secretos da Royal Navy (código 17F) e criador de James Bond

                            Devaneios, Etc.

                            Ópio para o povo

                            O Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações declarou à Visão que uma das mais importantes tarefas da referida aliança consiste em fomentar a «integração da história das religiões» no ensino e em promover o «diálogo inter-religioso». Quis com isto dizer o «laico» Jorge Sampaio que apoia um reforço do papel das religiões na formação cultural e ética das novas gerações. Tenderia a concordar se, como um outro dever da mesma aliança, idêntico destaque fosse dado à sua crítica e à enunciação do papel central que elas historicamente têm cumprido como entraves da mudança, factores de desigualdade social e agentes da guerra. O que não deixaria de ser uma forma de aproximação entre os povos (a «aliança das civilizações» da qual fala o novo jargão) e de melhoria da sua qualidade de vida.

                              Atualidade, Opinião

                              Segundo plano

                              Não conheci Simone de Beauvoir logo através dos livros. Na viragem para a década de 1970 apenas tinha acesso a uma imprensa mais ou menos generalista que se lhe referia de uma forma quase sempre superficial – «a existencialista», «a defensora do amor livre», «a companheira de Sartre» – e que já então oscilava entre o reconhecimento do seu papel pioneiro no campo do feminismo e a revelação de um feitio difícil. Associado, talvez demasiado livremente, à relação complicada que mantinha com o filósofo. Aquele penteado antiquado com o qual aparecia em todas as fotografias, o raríssimo sorriso, o ar reservado ou colérico, reforçavam ainda uma silhueta que parecia muito distante. Bem mais distante que Paris e o quartel-general de Saint-Germain-des-Prés.

                              A outra Simone, anunciadora, ainda nos anos 40, de um feminismo «de segunda vaga», só a encontrei anos depois, ao procurar pôr em dia as leituras das quais falavam as pessoas da geração imediatamente anterior à minha. Mas rapidamente percebi que a frase-epítome do Segundo Sexo (1949) – «não nascemos mulheres, tornamo-nos mulheres» – tinha entretanto sido apropriada por uma esquerda que procurava conciliar a «emancipação da mulher» com a emancipação mais geral do proletariado, rumo a uma sociedade-outra na qual, então sim, fosse possível construir uma efectiva situação de «igualdade» (ou, mais exactamente, de paridade). Até lá, pois, a tarefa fundamental seria o derrube da ordem estabelecida, jogando com as «capacidades objectivas e subjectivas» existentes na sociedade a fazer tombar, as quais admitiam uma situação de efectiva diferença ao nível dos papéis sociais.

                              Esta interpretação, associada no caso português à persistente secundarização que o salazarismo impôs à mulher, fazendo recuar o seu lugar social a um nível de subalternidade anterior ao verificado durante a Primeira República, tornou inevitável a sua depreciação prática, tão atávica quanto assumida, na própria lógica de organização das diversas facções da oposição de matriz marxista. Isto apesar da introdução gradual, ao longo da década de 1960 e nos ambientes estudantis universitários e urbanos, de uma situação mais «permissiva». Independentemente do reconhecimento teórico da importância do seu papel – que os sectores conservadores recusavam liminarmente –, na prática as mulheres da esquerda foram quase sempre mantidas, de acordo com um modelo que só nos anos 90 começou a recuar de forma visível, num lugar de segundo plano, enquanto retaguarda da luta pela mudança na qual deveriam trabalhar os seus homens.

                              Tantos anos depois, essa é ainda uma marca patente no conservadorismo moral de muitas das mulheres associadas ao referido quadrante político e cultural, e também uma das causas da sua quase-ausência nos rostos visíveis e com protagonismo da geração agora no poder. A verdade é que, em Portugal, a «segunda vaga» do feminismo, beauvoiriana, quase não existiu, para além de algumas manifestações mais ou menos folclóricas e de experiências pessoais isoladas, muitas vezes de «estrangeiradas». E a «terceira», propondo uma mais eficaz desconstrução das diferenças, apenas agora – globalização oblige – começa a fazer-se sentir. Mas antes tarde que nunca.

                                Atualidade, História, Memória