Arquivo de Categorias: Memória

República em linha

República

Foi no República, no distante ano de setenta e um (seguindo o calendário gregoriano, naturalmente), que pela primeira vez publiquei alguma coisa fora do circuito escolar juvenil ou do alcance de tiro da imprensa regional. Gostei pois de saber que a Hemeroteca Municipal de Lisboa começou a disponibilizar em linha a colecção de exemplares que possui do histórico diário republicano. Já acessível o ano de 1956.

    Memória, Novidades

    Lembrar

    Mulheres iranianas
    Direcção da Associação Patriótica das Mulheres (1922-1932). Farrokhroo é a primeira sentada à esquerda.

    Palavras de Farrokhroo Parsa, antiga ministra persa da Educação condenada à morte e fuzilada em 1980 pelo regime do ayatollah Khomeini – que em 1968 considerara a actividade política das mulheres equivalente a prostituição – escritas na prisão em carta dirigida aos filhos: «Estou disposta a receber a morte de braços abertos em vez de viver na vergonha e ser forçada a usar o véu. Não vou ceder aos que esperam que eu lamente 50 anos de esforços pela igualdade entre homens e mulheres. Não estou disposta a usar chador a recuar na história.»

    [A partir do artigo sobre a activista iraniana Mahnaz Afkhami saído no caderno P2 do Público.]

      Democracia, História, Memória

      Bergman e uns goles de Becherovka

      Plastic People of the Universe

      Ingmar Bergman ficava deprimido de cada vez que tinha de rever um dos seus filmes. Lembro-me de ter visto dois ou três deles no Kino Mladost e de ter sentido a mesma coisa. Foi na época em que faltava às aulas na universidade para ir ao cinema com a Ludjmila. Ou então para ficar com o Ján Jaros e o Miroslav a ouvir discos dos Plastic People of the Universe, enquanto fumávamos cigarros Vadek (é uma pena já não se fabricarem mais) e bebíamos shots de Becherovka uns atrás dos outros. Bons tempos, apesar de tudo. Bergman incluído.

      Iuri Bradáček

        Devaneios, Ficção, Memória

        Woodstock (ainda)

        Woodstock

        Gosto de ler o Novo Mundo (como já anteriormente seguia o Mundo Perfeito). O que não me compromete, claro, com as opiniões ou a sensibilidade da sua autora. Aliás, acho particularmente estúpido, e até um bocadinho doentio, ler apenas os blogues de quem pensa como nós e «desarriscá-los» à primeira discordância ou descuido verbal. Mas penso que a Isabela Figueiredo se deixou enredar, no post «Eu também não estive em Woodstock», pelas ciladas do anacronismo e da parcialidade.

        Eu explico-me, mas para o fazer preciso evocar um episódio. Há anos atrás, Bettina Roehl, filha desnaturada da radical Ulrike Meinhof, provavelmente abalada na personalidade pela infância complicada que teve, decidiu investir contra tudo aquilo que fossem ícones dos sixties e, claro, que lhe pudessem fazer recordar a mãe. Um deles foi Daniel Cohn-Bendit. Encontrou uma fotografia deste tirada em plena ressaca de 68, quando para ganhar a vida trabalhou num jardim-de-infância, e vendo-o nela a brincar com crianças, algumas sem roupa, serviu-se da imagem para o acusar de práticas pedófilas. Claro que existia um equívoco básico no qual a moça Bettina caíra: na época, os meados da década de 1970, vivia-se no ocidente uma fase de permissividade na exibição e na experiência do corpo, educando-se mesmo as crianças no sentido de o olhar e de o tocar com naturalidade, e era nessas condições, sem dúvida hoje pedagogicamente datadas, que o nosso «judeu alemão» surgia na imagem rodeado de nuas criancinhas.

        Voltando então ao post da Isabela, também aqui o anacronismo sugere uma leitura um pouco deslocada. O melhor mesmo é ler o post, pelo que adianto só o meu comentário. É evidente que o festival de Woodstock de 1969 não foi um megaconcerto à maneira daqueles que hoje conhecemos. Parece que se previam 200.000 pessoas e apareceram mais de 500 mil. As condições de comodidade eram praticamente nulas, evidentemente, e a higiene pior que péssima, o apoio médico inexistente (ainda assim apenas morreram dois participantes, um por overdose de heroína e outro atropelado por um tractor, mas para compensar nasceram dois bebés). E nem toda a música foi de qualidade igual. No entanto, o culto sixtie da natureza, associado à juventude dos participantes e ao ambiente da época, tornava a situação tolerável: os famosos «banhos de lama» foram mesmo improvisados, e não como aqueles que em 1999 foram ritualizados para as câmaras num patético remake do festival. Afinal, também ninguém se depilava ou usava desodorizante, perfume só se fosse indiano, e além disso choveu gloriosamente. Quanto ao ar de tédio, cansado, pedrado, notório nos participantes num festival que durou de 15 a 18 de um quente mês de Agosto, quem se mantém em tais condições fresco como uma alface?

        Claro que tudo isto teve um tempo, e a generalidade das pessoas que alinharam nos festivais da época não aguentaria agora tal ritmo: afinal, os cidadãos dessa geração que ainda vão a estas coisas dão só uma escapadela, apenas para ouvirem y ou z, dormem em hotéis com lençóis imaculados, cumprem a laboriosa higiene diária enchendo o corpo de cremes, comem refeições quentes em bons restaurantes, e regressam a casa a tempo de alimentarem o cachorro ou de verem o jogo. Mas, apesar da diferença, as pessoas das gerações mais novas que vão agora com toda a energia aos festivais de música, quase sempre em condições muito melhores do que aquelas existentes em Woodstock, sabem bem que «no meio da humidade, do fedor e do sobrepovoamento» existem momentos que recompensam tudo o resto.

        A Isabela Figueiredo não concordará com a minha leitura. E, mesmo que pertencesse à geração que foi a alguns desses primeiros festivais (quase pertence, eu sei), provavelmente continuaria a discordar de mim, que ainda fui a uns quantos. Gostos diversos, diferentes formas de estar, eram, como continuam a ser, coisa normalíssima. Já fazer juízos morais, e em tonalidades quase absolutas, sobre as sensibilidades e as práticas dos outros porque não são idênticas às nossas, é que me parece tão contestável agora quanto há quarenta anos. A estação tola, quase a terminar, também serve para estes pequenos desabafos, e no fundo do fundo all we need is love.

          História, Memória, Opinião

          A Leste, longe do paraíso

          Havel 1979

          Recebo sempre emotivamente as histórias de resistência vividas a Leste nas décadas terminais do «socialismo real». Uma reportagem de Alexandra Prado Coelho sobre os «resistentes da RDA», realizada em Berlim e saída ontem no caderno P2 do Público, trouxe-me de volta esse estado de espírito. Poderia ter sido em Praga, Budapeste ou Varsóvia que o resultado seria idêntico. Mas sei muito bem qual a origem dessa emoção.

          Por um lado, escuto invariavelmente relatos que chegam daqueles lados e associam pulhice e heroísmo: o nascimento da dissidência quase sempre determinado por uma necessidade básica de liberdade e pela recusa do militarismo, a intervenção sistemática da polícia política e dos delatores, a venalidade dos que traíam colegas e amigos, as carreiras profissionais destruídas daqueles que saíam da fila, os estratagemas sempre arriscados, e muitas vezes falhados, para os opositores se poderem encontrar sem irem parar à prisão ou a sítio bem pior. Ao mesmo tempo, oiço as histórias que os sobreviventes têm sempre para contar, observo os seus rostos tensos em fotografias da época, reparo nos intelectuais, nos jovens, nos artistas, por vezes quase me parece conseguir captar os ambientes de uma resistência que parece algo épica. Visito também as suas canções de protesto, as aventuras dos músicos de jazz e dos rockers para obterem uma sala, as tipografias clandestinas, os grupos razoavelmente independentes de teatro, as reuniões em lugares ermos e inóspitos, e tudo aquilo me parece familiar.

          E familiar será, sem dúvida, para quem, na mesma altura, combateu os fascismos ibéricos. Uns e outros regimes caducos, paralisados, decrépitos, pesadamente dirigidos por gerontes, que cada vez mais tinham contra si o grosso da inteligência, da criação, da juventude. Nem uma daquelas pessoas que a leste os combateram, todavia, percebia aqueles que, do lado ocidental, travavam idênticos combates. Tal como, desta parte, uma grande parte dos resistentes antifascistas ou anticapitalistas desprezava aqueles jovens de longos cabelos, escritores de barbas proféticas, cantores algo bárbaros, moças de camisolão e minissaia ou rapazes de um único e sagrado par de jeans, que do lado lá combatiam regimes e ideologias que lhes pareciam ainda exemplares. O que verdadeiramente perturba é essa incompreensão mútua de décadas, apenas possível porque, de ambos os lados, sistemas autistas e policiais zelavam para que as pontes permanecessem minadas.

            Democracia, História, Memória

            O fim de um tempo?

            American Dream

            A Reader’s Digest encaminha-se para um processo de falência. A confirmar-se, esta representará para muitas pessoas, como aconteceria com o fecho da Coca-Cola ou o desaparecimento de Hollywood, o fim de uma era. Parte importante da percepção internacional da América, e até do modo como muitos americanos se vêem ainda hoje a si próprios, foram construídos tendo como suporte os artigos, crónicas, «piadas de caserna» e «episódios da vida real» condensados, a partir de 1922, na revista que tinha com lema «America in your pocket». As Selecções do Reader’s Digest serviram de instrumento da Guerra Fria e, provavelmente por isso, durante décadas circularam em Portugal sem problemas, primeiro na versão brasileira, iniciada em 1942, e a partir de 1971 em edição nacional. Em conjunto com A Bola e a Crónica Feminina, a revista Selecções chegou a ser um dos títulos com maior tiragem, com lugar certo em muitas casas portuguesas. Tem ainda uma tiragem mundial de 100 milhões de exemplares – é publicada em 19 línguas e em 48 diferentes versões –, mas entretanto deixou de interessar às famílias da classe média, que foram o seu público original, e é hoje uma publicação visivelmente anacrónica. Porque o mundo mudou muito, a América também e, apesar de alguns retoques de cosmética, as Selecções não mudaram quase nada.

              Atualidade, Etc., Memória

              Coimbra-Z

              Coimbra Z

              Está a correr no Facebook «Que tipo de estudante de Coimbra és?», um inquérito a merecer uns minutos de atenção e que pode servir de case study. Mais do que pelo resultado final que cada um dos inquiridos obtenha, importa seguir o tom tardo-castiço e o valor micro-sociológico das perguntas e das opções de resposta oferecidas. Para memória futura, como diria o tal.

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                Atualidade, Memória

                «Tá láa!…»

                Raul Solnado

                Nunca apreciei muito o humor de Raul Solnado. Algumas das razões desta desafectação percebem-se vendo ou revendo no YouTube pedaços dos seus anos dourados. Solnado fez rir gerações para as quais a levíssima insinuação da «malandrice» constituía um sinal de transgressão, a momice representava um corte num tempo pontuado por rigorosas máscaras, e o abuso do trocadilho perturbava uma fala pública ainda demasiado rígida, o que não foi pouco. Mas esse não era já o padrão de humor requerido por alguns dos da minha geração, e daí o inevitável distanciamento. Afinal também não ríamos com Fernandel, Totò ou Mario Moreno, o «Cantinflas». Recordo, no entanto, muitas pessoas que escutavam pela enésima vez os 45 rotações em vinil com a «ida à guerra» ou «o bombeiro», e pela enésima vez riam com textos que já conheciam de cor. Ou que iam ao Maria Vitória ou ao Variedades de propósito para o ouvirem. A essas, e a muitas outras – por vezes fora do registo da comédia –, Raul, o artista popular, ofereceu inesquecíveis instantes de divertimento e de felicidade. Suficientes, independentemente do gosto de cada um, para que a sua partida tenha deixado a nossa vida colectiva um pouco mais pobre e sisuda.

                  Apontamentos, Memória

                  «Foot-ball praticado was very bonito. Splendid!»

                  Bobby Robson

                  Na noite passada, a Sky News apresentou um programa sobre a vida e a obra de Sir Robert William Robson. Omitiu, no entanto, a sua passagem por Portugal, onde entre 1992 e 1996 treinou o Sporting e depois o FC Porto. E referiu José Mourinho apenas para dizer que este conheceu Bobby Robson no Barcelona, o que aliás não é verdade: foi em Lisboa que se encontraram e foi em Alvalade que começaram a colaborar. A atitude da Sky é, para nós, particularmente injusta. Desde logo porque aqueles foram anos intensos da vida de Robson, que este relembraria depois inúmeras vezes, ligados também, em especial ao serviço do Porto, a êxitos desportivos importantes. Depois porque a sua forma de trabalhar, a sua personalidade forte e a sua bonomia, associados a um portinglês inconfundível e espectacular, o transformaram num dos estrangeiros mais populares no nosso país, o que ficou agora bem patente na forma como inúmeras pessoas – até Sousa Cintra, que o despediu do Sporting mas entretanto reconheceu o erro – o evocaram de forma inequivocamente comovida e carinhosa. E também porque Bobby Robson foi um treinador e um profissional de futebol raríssimo por estes lados: daqueles que via no desporto do qual gostava e ao qual dedicou a vida inteira, como não se tem cansado de recordar quem o conheceu de perto, uma fonte de prazer e uma forma positiva de passar a correr por este mundo, não um problema constante para o fígado. No fim de contas, Sir Bob, o treinador que costumava esquecer-se dos nomes dos seus próprios jogadores, jamais deixou de ser um gentleman abroad. Por um acaso em comissão de serviço no universo pouco cavalheiresco do futebol.

                    Apontamentos, Memória, Olhares

                    Mundo transitório

                    Fharenheit 451
                    Oskar Werner e Julie Christie em Fahrenheit 451 (1966)

                    Conversando com uma jornalista espanhola a propósito da edição de Ahora y Siempre (Now and Forever, um compilação de short stories publicada originalmente em 2007), Ray Bradbury, que aos 89 continua a escrever e a publicar, mostra-se o homem conservador que sempre foi. Particularmente quando lhe falam da actualidade e do futuro do livro. Aí irrita-se visivelmente, exalta-se mesmo, perde com facilidade a compostura. Perante a Internet, o autor de Fahrenheit 451, o romance distópico que hiperboliza o valor do livro, da sua imortalidade e da sua capacidade para transformar o mundo, subverte mesmo o seu antigo horror à destruição da palavra escrita pelo fogo: «Que queimem a rede em vez de queimarem livros!». Diante da revolução do e-book: «Isso não são livros. Os livros apenas têm dois cheiros: o do livro novo, que é bom, e o do livro usado, que ainda é melhor.» Face à possibilidade do fim das bibliotecas tal qual as conhecemos: «Não permitirem que acabem com elas, nem que tenha de me meter lá dentro para evitá-lo.» É pungente, sobretudo para quem partilha com Bradbury o amor profundo pelos livros em papel, pelas bibliotecas imensas e odoríferas, com os seus recantos únicos, obscuros e misteriosos, acompanhar tal defesa de um mundo transitório que, mais coisa, menos coisa, daqui por uma década não passará de território reservado a cientistas e iniciados. E, para a maioria das pessoas, de vestígio de um passado remoto que outras gentes edificaram.

                      Memória, Olhares

                      Uma noite inesquecível

                      Man in the moon

                      Sei onde estava há exactamente quarenta anos. A noite era mais fria do que esta, apesar de já ser Julho e determinados mitos urbanos afirmarem agora que os verões eram sempre insuportavelmente quentes. A televisão, uma Blaupunkt a preto e branco (ou seria uma Nordmende?), crepitava de vez em quando, ameaçando desistir. Preparávamo-nos – já só eu e o meu pai teimávamos num serão que se previa longo – para seguir, um tanto cépticos mas bastante excitados, as últimas manobras de alunagem da Apollo 11. Dali a horas, entrava-nos na sala um eco chegado do outro mundo: «That’s one small step for man, one giant leap for mankind». Na estação de Cabo Canaveral urrava-se, pulava-se, celebrava-se. Nós dois permanecemos calados, pensando, zonzos de sono, incrédulos, não passar tudo de um sonho. Fomos deitar-nos sem trocar uma palavra.

                      [audio:http://aterceiranoite.org/sons/armstrong.mp3]
                        História, Memória

                        A memória também se arrepia

                        Parecerá talvez um pouco estranho, provavelmente absurdo, um post como este sem o vídeo ao qual se refere a acompanhá-lo. Afinal, existem na Internet centenas, provavelmente milhares, de pequenos vídeos artesanais gravados por estes dias nas ruas de Teerão. Mas vi há dois ou três dias um muito particular, do qual por lapso não guardei o link – e daí a sua ausência –, que quero evocar aqui.

                        «Então é assim»: eu não sei quantos leitores deste blogue algumas vez participaram, sob ditadura, uma qualquer ditadura, naqueles momentos que antecedem uma manifestação de rua proibida, com todas as hipóteses de acabar mal e ser reprimida. Eu já, infelizmente e graças a Deus. Várias vezes, e de forma tão próxima, tão intensa, que após duas delas acabei o dia com os ossos na prisão. Da segunda vez, o episódio valeu-me mesmo uma guia de marcha para três anos de serviço militar obrigatório, quando deveria era estar a estudar, a ver cinema e a namorar. A situação que quero invocar é, no entanto, apenas uma circunstância, um fragmento desses momentos, cuja lembrança foi subitamente acordada.

                        Recordar-se-ão aqueles que partilham dessa experiência de manifestante ilegal que corre riscos, dos momentos que antecedem o clímax do protesto e a repressão: de início apenas um estranho silêncio, depois um rumor seco, vozes esparsas e em surdina, as pessoas todas muito juntas, ombros com ombros seguindo nos passeios, os olhares a medir o terreno, tensão no ar, as figuras casuais dos óbvios polícias à paisana, o ruído dos passos que batem no chão, compassados, antes ainda de se começar a gritar, primeiro a duas, depois a três, a cinco, a dez vozes, e de repente em uníssono. Revisitei tudo isto, mesmo sem perceber uma palavra daquilo que as pessoas murmuravam, e depois gritavam, ao ver o tal vídeo de rua gravado em Teerão. E senti, juro, a memória a arrepiar-se. Deve ser da idade.

                          Atualidade, Memória, Olhares

                          Palma

                          Palma Inácio

                          Aos 87, morreu Hermínio da Palma Inácio, o nosso Zorro. Nunca se adaptou verdadeiramente ao desaparecimento do capitão Rámon do Vimieiro, seu arqui-inimigo. Um dia Natália Correia apontou-o como o «último herói romântico de Portugal». Goste-se muito ou pouco do estilo da personagem, ficamos a dever-lhe a coragem e o exemplo.

                            Apontamentos, Memória