Começo com parte de um importante post de alerta publicado no seu mural do Facebook por Paulo Marques:
«Recentemente, o ministro da Educação, Fernando Alexandre, de visita a uma escola, numa aula, disse a alunos do 12.º ano que “quem anda em manifestações perde a aura”. Não se trata de uma frase inocente, nem de um simples deslize retórico. É uma mensagem política e, diria, perigosa.
“Aura” é uma palavra carregada de simbolismo. Sugere prestígio, distinção, brilho pessoal. O que o ministro transmitiu àqueles jovens foi claro: quem protesta, quem se envolve, quem ocupa o espaço público para reclamar justiça, perde reputação, mancha a sua imagem, arrisca o futuro.
Mas não é exatamente o contrário? Se hoje temos direitos fundamentais, do voto universal à liberdade sindical, da escola pública ao Serviço Nacional de Saúde, foi porque milhares de pessoas saíram à rua, arriscaram empregos, enfrentaram repressão, desafiaram a ordem estabelecida.»
Como por certo confirmará – e pelas contas que faço terão sido ao redor de 30 mil alunos e alunas – quem me acompanhou ao longo dos 42 anos do trajeto pessoal como professor, sabe bem que nas aulas sempre propus rigorosamente o oposto do que aconselha o ministro, defendendo uma atitude crítica e construtiva perante tudo e, sempre que necessário, a coragem de sugerir e de reivindicar sem medos. E se esta coragem fora difícil e bem custosa antes do 25 de Abril, tornou-se um gesto quase natural, e sem dúvida obrigatório, no Portugal democrático. Negá-lo é propor a criação de uma geração de carneiros e de carreiristas, insensíveis ao universo que envolve o seu pequeno e mesquinho mundo. Ser o responsável máximo pela educação a fazê-lo é terrível e deve ser denunciado.