Saiu nesta sexta-feira, 12 de setembro, a primeira sondagem, do Barómetro DN/Aximage, que coloca a extrema-direita parlamentar à frente nas intenções de voto em eventuais eleições legislativas. Segundo os resultados divulgados, o Chega teria 26,8% dos votos, seguindo-se a AD (25,9%) e o PS (23,6%). De seguida viria o Livre (6,5%), que ultrapassa a Iniciativa Liberal (6,2%). Por fim surgiriam o PCP/CDU (3,1%), o Bloco de Esquerda (2,4%) e o PAN (1,7%). Pode dizer-se que se trata apenas de um indicador, mas é sem dúvida um indicador muito preocupante e que não pode deixar de ser tido em linha de conta.
Apoiada na mentira e no boato, auxiliada por uma boa parte da comunicação social, valendo-se do baixo nível cultural e de informação, bem como em formas de descontentamento, de um largo setor da população, manobrando ainda parte de uma juventude despolitizada e sem horizonte que quer acima de tudo experimentar «algo diferente», a extrema-direita aproxima-se do poder. E com ele da possibilidade de avançar com o seu programa revanchista de destruição do regime democrático, da tendencial igualdade e dos direitos humanos mais essenciais, capaz de lançar todos contra todos num clima insuportável de ódio e de violência.
Perante isto, mais do que nunca a esquerda não pode continuar a apregoar a necessidade de estabelecer acordos evitando-os logo à primeira oportunidade, como o comprova a constituição de muitas listas de candidaturas às próximas eleições autárquicas, onde a aproximação destinada a conter os avanços da direita e da extrema-direita é superada pela divisão em defesa de autoproclamados «princípios». É certo que existem valores nucleares de cada partido que não podem ser postos de parte, mas a necessidade de convergência das forças da liberdade, do progresso e dos direitos sociais é possível e cada vez mais vital. Porque sem ela Abril morrerá e a democracia com ele.