Ignorante de tanta coisa que sou, tinha até há pouco uma perceção muitíssimo parcial da psicopatia e do psicopata. Julgava este, como creio que ocorre com a maioria das pessoas, apenas aquela figura antissocial, com formas muito graves de transtorno de personalidade, habitualmente associada à prática compulsiva e prolongada de crimes de sangue, em regra praticados de uma forma sistemática e tantas vezes particularmente horrível. Como o fizeram o londrino Jack, o Estripador, Harold Shipman, o «Dr. Morte», médico britânico que matava os pacientes, ou John Wayne Gacy, que se vestia de palhaço para assassinar ritualmente crianças e jovens.
Todavia, a psicopatia comporta indivíduos de uma natureza bem mais comum. É, de facto, um transtorno de personalidade caracterizado por um padrão de comportamento que inclui a ausência de empatia, a manipulação e a falta de remorso, além do desrespeito pelos direitos dos outros. Neste sentido, os psicopatas fazem parte da paisagem social comum, tornando-se particularmente negativos no nosso dia a dia, e especialmente perigosos se associados a alguma forma de poder. Deste modo, Hitler, Estaline, Trump, Putin ou Ventura foram ou são manifestos psicopatas. Como o foram ou são muitas pessoas que infelizmente todos tivemos de conhecer ao longo da vida.