Coimbra e a planificação do caos

Viver numa cidade média tem as suas vantagens. Uma delas é quem nela mora demorar pouco tempo a deslocar-se, nada ficando distante, em regra, mais que 15/20 minutos do ponto em que se encontra. Assim acontece também em Coimbra, a cidade onde, retirando alguns intervalos para passear ou aprender, basicamente vivo há 54 anos. É hoje o 16º município do país em volume de população, quase apanhado, aliás, por Vila Franca de Xira, Famalicão, Maia ou a Feira. Na minha escola primária ensinavam-nos que era o terceiro, mas isso era antes, quando a sua universidade era uma das poucas em Portugal, e a elite local e académica ainda acreditava habitar o centro do mundo.

Pois hoje fiz o meu percurso quase diário, que demorava sensivelmente aquele intervalo de tempo até voltar a desligar o motor do automóvel, em cerca de hora e meia. Com voltas e mais voltas à procura de um quase inexistente estacionamento ou a contornar inesperados sentidos proibidos. Coincidem agora, para além das obras em simultâneo de todas as linhas do novo Metrobus, a aproximação da cegada da Queima das Fitas e a sucessão de concertos dos inenarráveis (mas quiçá «populares») Coldplay. A isto juntou-se ainda a partida do Rali de Portugal, «sabiamente» localizada na Rua Larga, mesmo em frente à Porta Férrea, ali no topo da colina da Universidade. No conjunto, um caso sério de planificação do caos.

    Apontamentos, Cidades, Coimbra, Olhares.