Os Coldplay na paróquia

Coimbra vai ter a tranquilidade da sua vida habitual profundamente afetada durante quase uma semana. Ruas centrais cortadas, circulação condicionada ao longo de vários dias, hotéis lotados, bairros inteiros com o acesso limitado a moradores, dezenas de milhares de ruidosos forasteiros na cidade. Ao mesmo tempo, em muitas conversas e na imprensa local o momento é tratado como se de algo de extraordinário para a paróquia se tratasse. O motivo é um conjunto de concertos da banda londrina de rock alternativo Coldplay, em 27 anos de vida com apenas dois álbuns de êxito junto da crítica: «Parachutes», de 2000, e «A Rush of Blood to the Head», de 2002, que repetia já a sonoridade do primeiro.

Ainda tive «Parachutes» numa cassete áudio que me acompanhou em duas viagens de automóvel, mas rapidamente enjoei o estilo adocicado e previsível. A partir daí apenas uma série de decalques destinados àquele vasto público cuja cultura musical se esgota numa dúzia de referências que repete a vida toda. A montanha irá parir um rato: os já quase cinquentões Coldplay são desde o início um produto comercial, sem ponta de vibração e engenho, ao ponto de estarem já esquecidos dos grandes circuitos da música moderna, e nada de novo trarão. Mas que importa isso para todas aquelas pessoas para quem são afinal «rapazes do seu tempo»? Quando foram, ou imaginam ter sido, jovens e felizes.

[originalmente no Facebook]

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