Um pequeno roteiro

Relativismo

Eis um pequeno livro que oferece bases razoáveis para uma compreensão crítica dos fundamentos, dos caminhos e das vacilantes saídas do relativismo, após a «morte de Deus» talvez a tendência filosófica dominante no mundo ocidental. No quadro sinóptico apresentado por Raymond Boudon, esta assume cambiantes ajustadas a dois grandes modelos. Um, o do relativismo cognitivo, permite considerar que não existe conhecimento certo, nem sequer no domínio da ciência, sendo a única bússola aquela oferecida pelo paradigma que cada um é capaz de adoptar. O segundo, o do relativismo normativo, entende que os princípios e os valores são apenas convenções culturais e que afinal todos eles se equivalem e legitimam. Distingue-se também um relativismo «bom», que tende a estimular a aceitação do Outro na sua especificidade, de um outro tipo, reputado como «mau», tendencialmente negativo e simplista, incapaz de situar o pensamento nas suas circunstâncias. De acordo com o autor, este último conduz inevitavelmente à perda de referências culturais, alimentando um certo niilismo e acabando por lesar a própria vida democrática. Boudon defende então, como via para contornar os excessos, inevitáveis sempre que se toma apenas um dos sentidos, a prática de um determinado padrão de «senso comum». O Relativismo pode ser uma ajuda, sob a forma de um pequeno roteiro, para quem chega a estes temas através de cartilhas e, achando-se perdido entre a cegueira e o ódio, decide procurar uma saída. [Raymond Boudon, O Relativismo. Trad. de António Alfredo. Gradiva, 120 págs.]

    Atualidade, Democracia.