O epílogo de Paris


«Afinal, o que querem eles realmente…?»

Apontamentos do Maio – 13

O escritor barcelonês Eduardo Mendoza publicou no último Babelia um artigo de página inteira («El mayo de nuestra juventud») que insiste a maior parte do tempo em muito daquilo que tem sido dito e redito sobre o Maio de 68. Reconhece sobretudo que não se tratou de um movimento revolucionário, mas sim «de um colocar em cena de diversas tendências». E sublinha a sua condição de primeira ocorrência retransmitida pelas televisões de quase todo o mundo, inaugurando de certa maneira uma era renovada da informação. A parte mais interessante ficou para o final, resumindo numa curta frase a dimensão de epílogo de um tempo, mais do que de madrugada de um mundo novo, que o terramoto de Paris lhe parece conter. Considera assim que ele «marcou sem sabê-lo o fim das grandes ideologias, especialmente do marxismo, que já não voltou a levantar a cabeça, e marcou também o fim de Paris como capital intelectual do mundo, título que havia adquirido na época do Iluminismo mas que agora cedia, sem reagir, a Londres e a Nova Iorque.» Dois aspectos que têm passado algo ao lado da actual vaga comemorativista.

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