Livros: o deserto da imprensa

Sabia que assim era, mas afinal ainda é pior. Ao preparar uma lista de jornalistas e de jornais ou revistas a quem enviar um exemplar do meu novo livro para eventual escrita de uma notícia ou nota crítica, tomei consciência «de facto» de como em muitos jornais a secção de livros e de cultura desapareceu, enquanto nos outros foi reduzida ao mínimo. Alguns ainda acabaram há pouco ou está em vias de lhes acontecer a mesma coisa. Pior: a escassa divulgação cinge-se agora quase apenas à ficção e, embora bem menos, a alguma poesia, como acontece com uma publicação onde até fiz crítica de livros por mais de uma década. A não-ficção – ensaio, biografia, crónica – confina-se agora a «estrelas» internacionais que vêm a Portugal promover a edição local dos seus livros, ou a obras sobre temas quentes e tantas vezes passageiros. Tudo isto enquanto, paradoxalmente, se publica como nunca. O lixo literário divulgado pela publicidade paga, esse abunda. Mas, como refere a conhecida consigna, «a luta continua», embora não se saiba se a vitória é certa.

    Apontamentos, Etc., Leituras, Olhares.