O candidato e o canto da velha sereia

Como vivemos em democracia, pela qual o PCP tanto e tão custosamente se bateu, obviamente este tem todo o direito a escolher o seu próprio candidato presidencial. Como o fez, aliás, em outras eleições análogas. O que me parece inaceitável é apresentá-lo como.«o único candidato progressista», ou «agregador de todos os que defendem a Constituição», proclamando ao mesmo tempo que o partido jamais desistirá da candidatura de António Filipe em favor de outra que interesse mais, no cenário presente de avanço da direita, ao conjunto da esquerda.

Já nem falo de se tratar de uma candidatura anti-europeísta e com uma posição a respeito da invasão da Ucrânia que se fazem ao arrepio de toda a demais esquerda com representação parlamentar. O pior, pior mesmo, é falar-se de unidade – uma retórica usual, aqui em formato de «remake» – quando apenas se exprime uma perspetiva, e se desenvolva um discurso, que são o mais partidários possível. Lamento que alguns amigos e amigas. legitimamente impacientes com as candidaturas até agora avançadas, se possam deixar levar pelo canto da velha sereia.

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