Não aprender

«Eu sei que vocês vão primeiro, mas depois vamos nós.» Estas palavras de António José Seguro, pronunciadas ontem na convenção autárquica do PS, podem ser palavras de circunstância, um modo de incutir ânimo e confiança nos militantes, mas contêm também um sinal negativo. Tanto para quem as receba com fervor, como para quem as leia criticamente do lado de fora do partido. Elas traduzem uma estratégia de pura assunção do poder (vós ides, nós vamos, para «lá») pouco conforme com uma lógica abrangente, unitária e de revisão das caducas estratégias partidárias de assalto aos lugares da administração pública, que uma larga maioria dos portugueses exige. Um líder partidário de dimensão nacional deve congregar esforços e apontar metas ao seu próprio partido, evidentemente, mas não pode esgotar nele, nem mesmo aparentar fazê-lo, uma lógica de solução para o destino democrático partilhado por todos. Particularmente numa altura destas, na qual a fronteira que separa o país do abismo, e o Estado dos cidadãos, é ténue e perceptível.

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