A luta comum

Não configurando a salvação da pátria, a notícia da reunião bem-sucedida entre as direções da CGTP e da UGT, realizada a pedido desta última, é uma boa notícia. O resultado divulgado aponta para «uma grande convergência» de pontos de vista e para «90% de acordo» no que diz respeito a formas de luta comuns a adotar perante as políticas antissociais e de capitulação nacional do atual governo. Independentemente da herança do passado – da sobrançaria de uns, tantas vezes apostados em hegemonizar o movimento sindical; da tibieza de outros, em muitos momentos mais empenhados em assinar acordos «responsáveis» do que na defesa intransigente dos trabalhadores – é muito importante, neste momento dramático para a vida do país e da larga maioria dos que o habitam, que se una aquilo que houver para unir, mais com os olhos nos objetivos partilhados que na contagem calculista das espingardas.

Aliás, a mesma coisa pode e deve ser feita no plano partidário, na perspetiva de uma aproximação à esquerda construída com base no que é essencial e não no acentuar das diferenças ideológicas ou na evocação insana dos velhos rancores. Também por isso é de lamentar continuarem a ouvir-se vozes, minoritárias mas ruidosas, e para mais militantes, que em 2013 e no presente estado das coisas insistem em meter o PS e a UGT no mesmo saco da direita mais retrógrada e facínora, ao mesmo tempo que apelam a um governo alternativo, «patriótico», que jamais esclarecem como será alcançado e quem integrará. De facto, qualquer alternativa à esquerda é tarefa impossível sem um urgente esforço de abertura, sem unir o que houver para unir, excluindo a sectária tentação da supremacia e o desejo de colocar nos mastros bandeiras de uma cor só, erguendo uma frágil maioria ou apontando a um improvável destino histórico. Porque o mais importante são as nossas vidas, neste momento tão precárias.

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