Gina, a Lollo

Nascida em Subiaco, uma aldeia perdida do Lázio interior, e filha de um pacato carpinteiro local, Gina Lollobrigida teve uma vida mais luminosa e movimentada que a das suas amigas de infância. Em 1947, com 19 anos, foi dama de honor, ao mesmo tempo que Gianna Maria Canale, num extraordinário concurso de Miss Itália ganho por Lucia Bosé. Um busto «generoso», como era modelar na época, uma voz aveludada, associados a algum talento para representar, iriam guardar-lhe um lugar, cativo e universal, nos devaneios nocturnos de muitos machos de diferentes gerações. A Lollo apoderou-se rapidamente da imagem de Gina, ao ponto de a maioria dos cerca de 70 filmes que interpretou terem sido realizados à sua medida. Foi também rainha dos calendários para motoristas de longo curso, a pin-up possível das páginas do Século Ilustrado, modelo subliminar dos desenhos do humorista José Vilhena, madrinha putativa de uma conhecida revista erótica «para homens». E inspirou até, por aquela «ser um navio muito bonito designadamente na convergência das linhas de proa e do convés», a alcunha da antiga fragata Pero Escobar, com direito a fotografia autografada na Câmara de Oficiais, pendurada ao lado do retrato do Presidente da República. Gina, a Lollo, faz hoje 80 anos, e convém agradecer-lhe.

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