Quase chuva

No ar a espiral empurra a brisa, leva-a
quarenta léguas adentro do Mar Oceano.
Perto, o silêncio simula a tranquilidade,
o céu esconde-se, as árvores inquietam-se.
Um vulto passa vadio, quase a adivinhar
a chuva que vem como vapor de lavandaria.
O Oldsmobile de 57 parece nascido ali
e não ao longe, num subúrbio de Detroit.
Na marginal deserta os rostos vacilam
certos da presença ameaçadora dos cães.
O horizonte ignora a tempestade, inábil,
tão próxima quanto a sombra que a veste.

    Olhares, Poesia.