Kindlemania (3)

Ainda o Kindle

Mais cedo do que contava, mas em parte porque me têm chegado algumas perguntas de pessoas que estão a ponderar comprar também o Kindle 3, aqui ficam algumas notas práticas sobre o funcionamento do aparelho e a experiência que nestes curtos quatro dias fui acumulando. Relembro que se encontram outras informações no primeiro e no segundo dos posts que já escrevi sobre o assunto.

# Insisto num aspecto no qual a Amazon também insiste. Na mensagem que acompanha a própria máquina, lembra Jeff Bezos, o CEO da empresa, que o objectivo é fazer com que o Kindle «desapareça nas nossas mãos», melhorando a velocidade de acesso, a facilidade de aquisição e a capacidade de armazenamento fruídas pelo leitor, mas sem quebrar a «capacidade de dissolver a relação ruidosa com o mundo exterior» que é própria da concepção de leitura que a empresa privilegia. Logo, não se trata de um computador com «bells and whistles», mas sim de uma espécie de gabinete de leitura. A ausência de cor leva também, falo por mim, a um aumento da capacidade de concentração.

# É verdade que senti rapidamente a falta da possibilidade de copiar texto e de o enviar por mail para alguém (ou para mim próprio), mas a ideia é mesmo essa. Estão a ver: ninguém manda mails através de um livro em papel ou de um jornal. Uns amarão, outros odiarão. Estou tentado a inclinar-me mais para o campo dos primeiros.

# Sim, podemos ler textos em formato PDF, DOC, HTML e outros. No entanto resulta melhor se usarmos um programa de conversão para o formato Kindle, como o Calibre ou mais uns quantos. Este é gratuito e funciona de forma eficaz e transparente. Mas alguns repositórios de textos, como o do Projecto Gutenberg, têm já versões formatadas directamente para serem lidas nesta máquina.

# Estou a gostar imenso de ter todas as manhãs no Kindle, por volta das 7 horas e sem mexer uma palha, a edição do El País (sem a maior parte das imagens e sem os suplementos semanais). Fica em cerca de 11 Euros mensais, o que não é nada caro. A New York Review of Books custa 4. Mas podemos sempre testar 14 dias antes de fechar o contrato. E anulá-lo a qualquer momento.

# A duração da bateria depende do uso, naturalmente. Estou a usá-la de maneira intensa desde há perto de 80 horas, sempre com o Wi-Fi ligado, e tenho ainda uns 60 por cento da energia disponível. Se se mantiver o ritmo, uma utilização intensa e constante dará para trabalhar uns 10 dias sucessivos sem carga. De acordo com as notícias que chegam, se desligarmos o mesmo Wi-Fi e usarmos tudo de forma moderada este prazo dilatará até às três semanas ou mesmo a um mês. Além disso, a bateria não reproduz o conhecido efeito de «viciamento», tão comum nos computadores portáteis e nos telemóveis.

# Se comprarem, não esqueçam a capa. A da própria Amazon, em pele, é perfeita pois protege, quase não aumenta o volume (é como ter um caderno Moleskine clássico na mão) e amplia a sensação de «leitura física».

Espero poder fazer um último post sobre o assunto quando tiver um grau de utilização já razoavelmente consolidado. Para já, e sem favor, 4 estrelas em 5.

[continua]

    Atualidade, Cibercultura.