Mahler on the beach

Gustav Mahler

Não sou mahleriano suficientemente conhecedor das maquinações da arte para reconhecer sem pestanejar qualquer intérprete ou leitura da obra do boémio. Apenas um melomaníaco suficientemente tenaz e q.b. treinado de ouvido para separar o irrepetível, o excepcional, do que é apenas técnica, competência e gosto da arte. Das versões que conheço da Sinfonia No. 2, «Ressurreição», de Gustav Mahler, aquela que me chega agora aos ouvidos, com o venezuelano da moda, Gustavo Dudamel, à cabeça da Orquestra Sinfónica Juvenil Simón Bolívar, destaca-se como espantosa e absolutamente única. Uma música ecuménica, jogando a todo o instante com o risco, com uma vibração cantante, latina, que dilui o eco sombrio e funesto, em regra associado ao trabalho do compositor, que tem condicionado a maioria dos seus intérpretes. Notável numa peça que possui a morte e a possível eternidade da vida como motivo central. O encontro feliz com um Mahler estival. Eu gosto muito, alguns mahlerianos provavelmente não.

    Etc., Música.