Descrença

Creio que comecei a descrer por causa do Natal. Talvez por esperar que naquela noite um anjo me batesse à porta para anunciar: «e agora qualquer coisa de completamente diferente». Podia ser um sinal no céu, ou um enorme trovão, ou, melhor ainda, uma chuva de chocolates Candy-Bar (na época os meus preferidos). Mas nada, sempre nada. E cansei-me de tanto esperar. Talvez por isso, cada 26 de Dezembro passou para mim a ser um dia de conforto e bonança, no qual a ordem do mundo retoma o seu caminho sem qualquer mistério, equívocos ou truques baratos.

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