Na morte de um velho patife

Antes que se desdobre por aí a ladainha dos obituários tradicionais (ou as declarações de intenção dos que se obstinam em fazer-nos saber que não estão para essas coisas de acariciar os mortos), um pequeno parágrafo sobre Norman Mailer na data do seu passamento.

De Mailer apenas posso dizer que, como quase toda a gente, pouco mais li que o já amarelecido Os Nus e os Mortos. Que lhe ficamos a dever algumas das primeiras facadas do new journalism. Que dele sobrará um rasto do estereótipo hemingwayano do escritor-macho enquanto provocador, bruto e supostamente femeeiro. Absolutamente anti-norma na relação com o romancista ou com o poeta low-profile que povoa hoje, até à náusea, os suplementos e as revistas literárias. Fazem-nos falta, pois, sacanas assim. Quanto mais não seja para nos irritarmos com eles e aprendermos a relativizar a fala previsivelmente mansa, dócil, de muitos dos outros.

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