Dormires

soneca
Não me espanta a ausência de resposta visível às iniciativas da Associação Portuguesa dos Amigos da Sesta. Sei que, há meses atrás, esta ainda conseguiu reunir em Estremoz uma «Conferência Nacional», na qual um dos presentes elogiou a sua prática como «postura natural e salutar, restauradora de energias», renegando o seu entendimento como «vício de preguiçosos e de fuga ao trabalho». Não espanta, por isso, que a maioria dos portugueses se alheie da causa. «Legalizar a sesta?», pensamos logo, indignados. «Mas perdia toda a piada!» É muito mais estimulante roubá-la ao chefe, dormi-la num intervalo do trabalho, deslocá-la no horário para quando der jeito, transformá-la numa informal soneca consumada por aqui ou por ali. É-nos, por isso, profundamente estranha uma atitude como a tomada pela selecção espanhola de futebol, que no Mundial da Alemanha decidiu acordar mais cedo para poder fruir todos os dias da indispensável siesta. Por algum motivo, de facto, a história nos separou.

    Apontamentos.