De espaldas

Lola
Espanholada‘, dizem os melhores dicionários da língua mátria, é ‘fanfarronice‘, ‘jactância‘. É o ‘exagero‘, a ‘hipérbole‘, aquilo que perturba, pelo ruído ou pelo excesso, a sensibilidade de um povo de costumes pouco ruidosos. Como por ‘espanholar‘ se entende esse pícaro «gabar-se de façanhas pouco verosímeis». Gente como nós, portugueses suaves, treinados desde o ovo «a controlar as emoções, a cuidar das maneiras» (assim se nos pudicamente refere Federico J. González, autor de umas Reflexões de um Espanhol em Portugal), não poderia ter produzido um Cervantes, um Goya, uma Dolores Ibarruri, um Cordobés, uma Lola Flores, um Almodóvar. Mesmo uma Isabel Pantoja. Ou, valha-nos Deus, um Zapatero. E jamais deixa de estranhar as suas inquietantes espanholadas.

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