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Salpicão e orelheira

O Aquilino que foi para o Panteão Nacional não foi só o carbonário, a «terceira carabina do Terreiro do Paço», ou o «grande prosador» de linguagem vernácula do qual falou Cavaco Silva, seu putativo leitor, num discurso que ignorou o percurso republicano e antifascista do filho do padre de Carregal de Tobosa. Foi também um português que sabia que coisa era o «caldo de leite com abóbora e feijão vermelho, temperado a orelheira de porco e salpicão, vinho, o palhete e espirrador». Que gostava de «bolinhos de bacalhau sobre o vinagre, o caldo verde, o polho de grão assado no espeto, as talhadas de salpicão, a perna de vitela ou o javali caçado na mata». Que se imaginava na tasca do Chacim, em Infesta, a comer o «ceote de lampreia do Abade de Mozelos, regado a vinhos dos Arcos». Olhando as coisas sob este ponto de vista, suavizamos um pouco o cerimonial mórbido em que agora o meteram.

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