O meu pé esquerdo

Peace Now
1. Porque será que recusar qualquer concessão diante do fanatismo religioso, execrar todas as tiranias e qualquer governo de fundamentação teocrática, combater frontalmente o outro que não aceita a minha alteridade, aceitar o direito de qualquer povo (de qualquer povo) a seguir o seu próprio trajecto histórico (e a defendê-lo, naturalmente), se afiguram, aos olhos de tantas pessoas que se consideram partidárias dos direitos políticos e sociais democráticos mais elementares, como vestígios de simpatia para com os sorrisos deploráveis de George W. Bush e da menina Condoleezza ou as posições inequivocamente belicistas dos «falcões» sionistas? Claro que esta é apenas uma pergunta retórica.

2. A uns como a outros, a «eles» como a «nós», apesar da guerra, da «luta de classes» ou daquilo que parece ser um confronto de civilizações – de identidades, se quisermos – espera-os, espera-nos, uma única missão. Pietro Citati identifica-a: «escavar o terreno do Éden que há em cada um de nós e demonstrar que existe apenas uma raiz, que todos os ramos brotam de um mesmo tronco, que todos os pensamentos, as sensações, as discórdias e as crenças não passam de uma única vaga de luz».

    Opinião.