Parece-me um tanto imoral a utilização recorrente, por parte das empresas de publicidade, de simulacros de notícias – entendendo-se aqui por «simulacro» esse «real», projectado por modelos sem origem na realidade, do qual falava Baudrillard – destinados a produzirem efeitos meramente comerciais. Para além de desviarem desnecessariamente a atenção das pessoas que se interessam pelo que acontece à sua volta, produzem um efeito de banalização que tenderá a depreciar, junto de um segmento significativo do público, o próprio valor do acto de noticiar. Se fosse jornalista, ou chefe de redacção, ou administrador de um grupo económico com interesses na área da comunicação social, preocupava-me um pouco com anúncios tão inócuos, mas apenas na aparência, como este sobre um tal Joaquim qualquer coisa, o «primeiro turista espacial português», que tem vindo a passar nas televisões.
Simulacro e realidade
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