Amor em fascículos (1)

Amor
Para Denis de Rougemont, a paixão amorosa terá nascido em pleno século XII, quando dentro do universo feudal se constituiu o mito literário do amor cortês (L’Amour en Occident, 1939). A lenda de Tristão e Isolda definiu o arquétipo. Aqui encontra-se um pouco de tudo aquilo que virá a excitar uma certa imaginação amorosa: o condição de Isolda como mulher casada e supostamente inacessível; a pureza de Tristão e o seu pendor acentuadamente melancólico; a paixão que não pode ser evitada nem controlada, mas que se revela impossível; o filtro mágico que irá unir para sempre os dois amantes; a fuga de ambos através da floresta; as aventuras heróicas e façanhas extraordinárias condicionadas por sucessivos obstáculos e um estado febril de esperança amorosa; o suicídio de Tristão e a morte de Isolda; o amor para além da própria morte. A lenda ocupará um lugar considerável no imaginário cavalheiresco medieval, traçando, pelo menos até aos neo-românticos, o modelo do amor enquanto relação sublime mas necessariamente inquietante. Condenado ao êxtase mas também à definitiva infelicidade.

    Devaneios.