Laika

Laika

O partido-da-língua-de-pau não muda. Enquanto os outros apoiam ou aplaudem, ele «saúda» sempre. E se os cumprimentados o merecerem, «saúda calorosamente». Quando os restantes definem metas, ele possui «objectivos claros». Se os mais falam da experiência que vão ganhando, ele diz «a vida ensina». Quando os outros apresentam ideias ele «reafirma a sua base ideológica». Se falam de discussão, ele prefere «um amplo e profundo debate». Se organizam encontros, ele prepara as coisas em «1600 reuniões ou plenários, nos quais participaram mais de 26000 militantes». Enquanto se esgrimem posições, ele dá logo «uma resposta inequívoca». Quando os outros reestruturam, ele promove um «reforço da organização». Chama os fascistas de «fâchistas». Creio mesmo que prefere ainda designar o espaço de «cosmos». E os mais indefectíveis militantes continuarão por certo a relembrar como Лайка a saudosa cadela Laika.

Adenda: A Gestapo encorajava alguns prisioneiros que suspeitava de serem comunistas a escreverem pequenos artigos. O objectivo era confirmarem a sua filiação pela análise da linguagem. Uma tarefa fácil, diziam os agentes.

    Devaneios, Etc..