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É abusiva a atitude dos partidos, dos sindicatos e de outras entidades colectivas quando declaram falar em nome «da classe operária», «dos trabalhadores», «dos portugueses», «das mulheres», «dos jovens» ou «dos magarefes». A diferença de interesses e de atitudes, tão imprescindível quanto inevitável nas sociedades democráticas e complexas, condiciona a dificuldade de falar em nome de um todo que é necessariamente múltiplo e contraditório. Mas aqueles que exprimiram publicamente os objectivos comuns da grande manifestação dos professores que decorreu este sábado têm alguma legitimidade para o fazerem, uma vez que a dimensão do movimento tornou inequívoca a convergência da esmagadora maioria numa oposição bem clara às linhas centrais da política educativa do governo. Por isso a posição arrogante e autista da direcção do PS se torna ainda mais chocante e incompreensível. Por isso se pode dizer que os professores, quase todos os professores do ensino básico e secundário – os do superior, e contra mim falo também, permanecem incompreensivelmente passivos –, estão em luta e querem que alguma coisa mude. Ou pelo menos que a sua experiência e os seus pontos de vista não sejam ignorados.

    Atualidade, Opinião.