Originalidade regional

A proposta de criminalização da toxicodependência na Madeira parece passar por ser mais uma originalidade regional ou uma daquelas brincadeiras de mau gosto de A. J. Jardim. Mas ela não pode tolerar um encolher de ombros idêntico àquele que tem caído sobre outras acções passadas e presentes do seu governo relacionadas com a saúde pública, como o retardamento em anos do uso obrigatório do cinto de segurança, a tentativa de camuflar alguns surtos epidémicos, a grave demora na entrada em vigor da lei sobre a interrupção voluntária da gravidez, ou a inexistência de um plano sistemático de combate ao alcoolismo na zona do país onde a sua incidência mais se faz sentir (e a campanha até poderia começar pela festança anual do Chão da Lagoa). Para além da favorecer os traficantes, a ser aplicada, justamente numa das regiões onde o flagelo da dependência da droga atinge das mais elevadas taxas de incidência, a medida configurará mesmo o crime de genocídio.

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