Vidros partidos

Rostock

Protestos como os de Rostock, contra a cimeira do G8 a decorrer na estância balnear de Heiligendamm, são sem dúvida perturbantes. Mas, de alguma forma, são também úteis e necessários. É difícil perceber o sentido que podem tomar, tal a heterogeneidade das correntes que se manifestam, das suas formas de organização, dos seus objectivos específicos, das suas (por vezes) estranhas cumplicidades. É difícil também aceitar sem problemas a violência extrema que encorajam, ou a presença inquietante dos grupos proto-terroristas que os penetram. Mas funcionam, na tradição de uma «rua europeia» ampliada pela caixa de ressonância dos media, como um sinal de resistência perante uma ordem política mundial incubadora de excluídos, aos quais apenas oferece vagas possibilidades de requalificação e a imprevisibilidade do amanhã. Importa, apesar de tudo, que ao conforto climatizado das salas da reunião, ou à quietude adormecida dos nosso lares, chegue, de vez em quando, o fragor de uns quantos vidros partidos.

    Atualidade.