Ainda me torno iberista…

Agora que passaram seis dias sobre a renovação do Público – e mesmo sem tomar ainda em consideração a edição de domingo – creio que já posso emitir uma opinião menos superficial sobre o assunto. Reafirmo a minha primeira impressão, que não foi de simpatia. Junto, àquilo que escrevi no dia 12, um aspecto que agora me parece definitivo: o texto é quase sempre mais curto e simplificado, funcionando, muitas das vezes, como simples «ilustração» da imagem que o acompanha. E até o suplemento Ípsilon, que prometia outras possibilidades, desiludiu um pouco. Veja-se, por exemplo, o tom ligeiro, ou ligeirinho, do artigo sobre o sempre actual tema do plágio (não é a sua autora, Alexandra Lucas Coelho, que questiono, mas sim o modelo ao qual esta se submeteu).

Não sei se, desta maneira, será possível captar os novos leitores que se procuram. Mas, disso tenho a certeza, muitos dos antigos sentir-se-ão um tanto perturbados nas suas expectativas. E não porque rejeitem a novidade. Falo por mim: procuro, no jornal da manhã, um espaço de solidão e de abertura, capaz, por entre as migalhas da torrada e o sumo de laranja, de pôr a carburar a conversa com o mundo, pela via da escrita e do pensamento, que me está na matriz. Não procuro frases fugazes (zap!), títulos vistosos (zap!), imagens em Cinemascope e Color De Luxe (zap!), pois, para isso, tenho a leitura frenética da Internet e das revistas, da qual, aliás, sinto também alguma necessidade. E tenho a televisão. E o telemóvel 3G. Sendo assim, vou continuar a ler o jornal de JMF – até porque gosto de alguns dos seus colaboradores e a alternativa, o DN, tem navegado um tanto à deriva – mas vou passar a procurar algo de mais substancial nas páginas do El País. E ainda me torno iberista…

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