Cosmopolitismo

Kwame Anthony Appiah

A palavra cosmopolitismo é uma palavra manchada. Suscita os ataques de alguma esquerda, diz Appiah, devido ao seu padrão aparentemente diletante e elitista. A direita, por sua vez, abomina-o pois acredita que o cosmopolita é sempre alguém que questiona o nacionalismo e a ideia de pátria. O autor anglo-ganês não procura contestar estes preconceitos, buscando antes expor os fundamentos de um novo cosmopolitismo, superador do velho paradigma iluminista, e avaliar da sua viabilidade como instrumento de uma política de aproximação entre culturas. O grande desafio na actualidade, segundo declara, é «pegar nas mentes e corações formados ao longo de milénios em tribos locais e equipá-las com ideias e instituições que nos permitem viver em conjunto». Como filósofo, procura também persuadir o leitor de que existem algumas questões conceptuais interessantes que podem contribuir para a construção de um diálogo em torno da globalização capaz de substituir as posições de desvalorização de uma moral comum que integram as teses relativistas mais radicais. De um ponto de vista político, sugere a combinação entre o respeito pela diversidade das vidas humanas – não apenas da vida humana – e a ideia de que existem obrigações para com os outros dentro de um contexto de «universalismo» e de cidadania partilhada. A ler e a debater, apesar da versão portuguesa por vezes tornar a leitura um pouco dolorosa.

Kwame Anthony Appiah, Cosmopolitismo. Ética num Mundo de Estranhos. Trad. de Ana Catarina Fonseca. Europa-América, 180 págs. ISBN: 978-972-1-05929-0

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