Não, obrigado

camisa branca

Não diria que é aquilo que mais temo perante a possibilidade de a crise política que se adensa nos empurrar para as mãos de Pedro Passos Coelho. O que pode acontecer aos destinos do país e à vida das pessoas, entregues de vez à volúpia da «cultura empresarial», afigura-se bem pior do que o aspecto de quem venha a gerir o estabelecimento. Mas é este, seguramente, um dos factores que me perturba. Ponderar como inquilino da residência de S. Bento um típico e obstinado beto dos eighties, seguido por um séquito de réplicas, é um pesadelo que me tem povoado as noites. Ser governado por alguém que aparenta querer impingir-nos a qualquer momento um pólo da Lacoste ou da Ted Lapidus, penteado «à Joe Dassin», de discurso tenso e redondo, soturno e previsível, ter de conviver diariamente com a seriedade enfatuada e a representação icónica do aborrecimento, constitui para mim uma preocupação adicional de ordem estética e ecológica. Talvez pareça um tanto frívolo e com angústias de baixa densidade política, mas não encontro nada que afaste de mim este enjoo. Já a cidadã Zulmira Ferreira, cujo voto vale rigorosamente o mesmo que o meu, pensa de forma muito diferente.

Esclarecimento ao Dgmo. Público: Este post não é um apelo ao voto útil.

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